Pra fazer acontecer na Segurança Pública Potiguar¹
Por Ivenio Hermes
Não sabe investir
Em se tratando de Segurança Pública o histórico potiguar nunca esteve bem. Existe uma política obscura de não investir nessa área cuja fragilidade somente beneficia aos corruptos e corruptores.
Onde deveria imperar o planejamento estratégico e a busca de recursos, existe um gasto em publicidade e outras matérias de importância secundária, a Administração Ciarlini insiste em mentir sobre os investimentos, em usar a legislação como desculpa tanto para não agir como para não direcionar verbas para a contratação de policiais civis e militares, gerando com essa atitude uma das maiores imersões na violência que o Estado do Rio Grande do Norte já viveu.
Enquanto milhões de reais são utilizados para viagens, propaganda estatal (governamental seria o melhor termo) e para o sustento das aparências da Administração Ciarlini, cujos escalões mais altos do governo sequer se comunicam ou se entendem, a governadora nunca adotou políticas sérias de investimento e a polícia civil não recebe o efetivo para poder realizar um trabalho recente, o ITEP (Instituto Técnico Científico de Polícia do Rio Grande do Norte) não ganha investimentos reais na reorganização de sua estrutura física, estrutural e técnica e a polícia militar vive sofrendo sem homens, sem viaturas e sem recursos para estruturar melhor suas ações.
E Rosalba Ciarlini, numa explosão de seu sentimento de inépcia exclama que não sabe o que fazer com a segurança pública.
Não sabe o que fazer
Em plena reunião na Associação dos Municípios do Seridó (AMSO) no dia 24 de maio de 2013, a governadora Rosalba Ciarlini, dando mostras de sua incapacidade de gestão, afirmou que não sabia como resolver a falta de pessoal da polícia civil.
Além disso, num engodo que somente leva ao erro quem não analisa a atual gestão de segurança, a governadora insiste em afirmar que convocou novos policiais civis quando todos já estão cansados de saber que ela apenas repôs as vagas abertas por aposentadorias, exonerações e falecimentos, contrariando veementemente o edital do Concurso da Polícia Civil que cria novas vagas.
Seria muito difícil entender a diferença entre criar e substituir algo que já existe? É somente uma questão de leitura direta do texto: não está havendo ampliação da força da polícia civil porque não existe investimento em crescimento do efetivo, há somente reposição de vagas e redistribuição dessas vagas sem critério de necessidade previamente definido.
Pior ainda fica quando Rosalba gera uma falsa expectativa de que fará um levantamento minucioso para descobrir onde estão lotados os policiais civis do interior do estado.
Não é preciso fazer isso, basta que ela releia as nomeações que ela mesma assinou e ver que as vagas existentes, não são as criadas pelo edital, pois essas nunca foram supridas, foram realocadas para atender à falsa política de interiorização da polícia civil, que simplesmente retira homens da região metropolitana, fazendo com que apenas duas delegacias funcionem durante a noite e todas as outras fechem suas portas, e os coloca, em sua maioria, na região de Mossoró, onde a Administração Ciarlini solidifica sua influência para voltar ao poder por lá, já que sua reconhecida incapacidade não lhe dá grandes expectativas no governo estadual.
Não sabe gastar
O discurso da falta de dinheiro para investir, de ter o impedimento do limite prudencial da Lei de Responsabilidade Fiscal e de estar esperando soluções milagrosas do Governo Federal através do Programa Brasil Mais Seguro é diretamente contrário à prática da Administração Ciarlini que tem a coragem de gastar 102 mil reais na locação de uma aeronave para transportar a Governadora Rosalba Ciarlini para participar de uma cerimônia que não traz nenhuma contrapartida para o estado do Rio Grande do Norte, sendo apenas um passeio político.
A falta de prioridades da Administração Ciarlini é tão grande, que o governo faz um estardalhaço adquirindo e entregando novas viaturas, mas o Coronel Ulisses Nascimento de Paiva, Comandante do Policiamento Metropolitano de Natal, vê essas mesmas viaturas serem “baixadas” (pararem de funcionar sendo retiradas do serviço) por falta de manutenção básica como a simples troca de óleo do motor e reposição de pneus.
Sem homens suficientes para se opor ao avanço da criminalidade na região metropolitana de Natal, o comandante realiza estudos de caso e elabora manchas criminais para ficar constante a realocação de efetivo para as áreas cujas projeções demandem maior número de policiais.
A Polícia Militar precisa de uma verba mínima de sobrevivência para manter seu trabalho bem feito, uma quantia pouco maior de 5% do que a Governadora gastou somente no aluguel da aeronave.
Não sabe manter
Enquanto isso, o coronel Francisco Canindé Araújo, Comandante Geral da Polícia Militar do RN, lida com dificuldades orçamentárias até de pagamento do efetivo. Seus comandados que trabalharam na Operação Verão e no Carnaval ainda não receberam as diárias operacionais dos períodos abrangidos pelas operações.
Mas não é somente isso, tem havido atraso no pagamento dos tickets de alimentação, o contingente trabalha sobre pressão de não terem evolução na carreira pela falta de concurso, até grupamentos especiais de pronto emprego, cujo treinamento específico fica descaracterizado diante de situações cotidianas.
Com o policiamento metropolitano sem contingente para atender a demanda, o Coronel Ulisses se vê obrigado a utilizar os membros do grupamento de CHOQUE para a realização do policiamento ostensivo. Não existe investimento na Cavalaria, no BOPE, no Policiamento Turístico, enfim, faltando tão pouco tempo para o mega evento da Copa do Mundo de Futebol de 2014, a Administração Ciarlini nada faz para ampliar o quadro efetivo ou manter adequadamente o que já se adquiriu.
Em contrapartida, a família Ciarlini goza de benefícios desonestos e seguem tranquilos, pois não há policiais civis suficientes nem para atender a demanda de crimes comuns quanto mais para investigar crimes contra o patrimônio público, e os policiais militares vivem numa situação de quase escravidão precisando muitas vezes realizar o ciclo completo do policiamento na falta de efetivo da polícia civil.
Para exemplificar os benefícios mencionados, membros da família Ciarlini são funcionários fantasmas do governo do Estado, como Ruth Ciarlini e Rosângela Ciarlini e André Luiz, respectivamente irmãs e o sobrinho da governadora. Enquanto eles lucram sem trabalhar, a Segurança Pública trabalha minguada e sem a menor perspectiva de soluções.
Não sabe fazer acontecer
Enquanto a Governadora diz que não sabe o que fazer com a segurança pública e cerceia os projetos do Secretário de Estado de Segurança e Cidadania, Aldair da Rocha; impede que a Polícia Civil cresça e troca o Delegado Geral de Polícia Fábio Rogério por outro, Ricardo Sérgio Costa de Oliveira, que já chega sem a menor disposição para bater de frente com a Administração Ciarlini, isto é, sem condições, planejamentos ou estratégias para salvar sua instituição do ostracismo; e bloqueia as ações direcionadas da Polícia Militar por falta do respeito mínimo de pagar as diárias e os tickets de alimentação dos policiais.
O resultado óbvio desse rosário de ações sem planejamento e sem compromisso com a população potiguar se faz notar em casos como o fim de semana violento com 16 assassinatos registrados em apenas três dias.
Mas é importante lembrar que desde o início do ano fins de semana assim vem se tornando corriqueiros e a população do Estado do Rio Grande do Norte se transforma em vítima potencial da falta de atitude do próprio governo que elegeu.
Nessa mixórdia que é a atual gestão no que tange à Segurança Pública, fica uma pergunta, onde está a frase “pra fazer acontecer” veiculada no slogan de campanha para o governo do estado que transformou Rosalba Ciarlini na governadora do Rio Grande Norte?
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¹Publicado originalmente por Cezar Alves, em sua coluna Retratos do Oeste no Jornal De Fato.