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PAEBIRÚ, Caminho da Montanha Do Sol

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Na década de 70, uma enchente arrasou uma fabrica de discos Rosenbrit.

Esta tragédia destruiu parte da vanguarda musical nordestina. Discos de Zé Ramalho, “Ave Sangria”, Marco Polo, Lula Côrtes foram embora nas águas da fatídica inundação. Os discos que estavam no comercio foram os únicos que sobreviveram. A lamentável ocorrência foi um corte mortal de uma música de altíssima qualidade produzida por esta pequena fábrica no Recife. Uma música com raízes bem tropicalistas. No entanto, coisas do Brasil, quando se conta a história do Tropicalismo, se esquece de citar que este criativo movimento passou também pelo Recife, deixando profundas marcas do talento dos seus participantes. O próprio Gilberto Gil já declarou várias vezes que o Tropicalismo passou pelo Recife, onde ele morou uma época e teve farto entrosamento com músicos como Naná Vasconcelos. Saltando do Rio Capibaribe para o caótico centro de São Paulo: o LP “Paebirú” nas lojas que vendem preciosidades em vinil, nesta região de São Paulo é hoje um dos discos mais valorizados, inclusive por estrangeiros que freqüentam muito a famosa “Galeria do Rock” hoje conhecida mundialmente.

Tenho um amigo que é dono de uma destas lojas de vinil. Ele ficou perplexo quando soube que este escriba tinha o LP “Paebirú” que comprei com meu guru de cabeceira, Jomard Muniz de Brito, numa loja do Recife. Ofereceu-me mil reais pelo LP e, coisa de amigo me prometeu passar o LP para CD e me dar de presente. Aceitei de imediato.

Levei a preciosidade para o Carlinhos. Ele me contou que “Paebirú” de Zé Ramalho e Lula Côrtes vale hoje no mercado japonês dois mil dólares.

“Paebirú” de Lula Côrtes e Zé Ramalho é um dos discos mais geniais já produzidos no mundo. Genial e original. Os japoneses que conhecem muito bem MPB sabem disso.

O disco é quase todo instrumental, com poucas vozes. É um trabalho musical dividido entre os quatro elementos do Planeta: TERRA, ÁGUA, FOGO E AR. Desconheço se é possível ouvi-lo na internet. Mas tal possibilidade não significa absolutamente nada para os colecionadores. O que interessa é o vinil original. Como não tenho espírito de colecionador, o que me interessa é ouvir “Paebirú”.

Pra terminar olho no vinil. Meu amigo cantante cearense Belchior me disse, na casa dele em Sampa que vinil vai se tornar uma obra de arte. A profecia do Bel estava certa.