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Contra o Tempo

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Diante de filmes com grande apelo visual e de fraco enredo, Contra o Tempo de Duncan Jones (filho de David Bowie e diretor do ótimo Lunar) surpreende com uma ficção científica criativa e coerente que lembra um Feitiço do Tempo (1993) com uma pitada de Matrix (1999).

Nessas últimas semanas o cinema dá mostras que tenta acompanhar as novas teorias científicas. Neste caso, o velho e complexo tema das viagens temporais. Assim como no brasileiro O Homem do Futuro (2011), viajar no tempo e alterar o passado não consiste em alterar o presente como na trilogia de De Volta para o Futuro (1985), e sim criar uma realidade paralela. E isto faz com que o desejo do capitão Colter Stevens (Jake Gyllenhaal) de salvar os passageiros no trem que irá explodir se torne irrelevante para a missão em que foi enviado. O que aconteceu no passado, por mais que ele volte e o altere, em nada modificará o presente. Os mortos no atentado continuarão mortos. A finalidade da missão é identificar o terrorista em meio aos passageiros, antes que ele detone outra bomba com um potencial destrutivo muito maior.

Então cada volta ao passado consiste numa permanecia de oito minutos na mente de uma das vítimas. Oito minutos antes do atentado. E cada retorno se baseia não somente na busca do causador da tragédia, mas numa busca do próprio protagonista em saber mais sobre si mesmo. E assim, junto com ele, temos um acesso gradativo por esses acréscimos no enredo que, cada vez mais, o enriquecem até o clímax da verdade plena sobre o protagonista, verdade esta muito mais importante para nós do que saber quem de fato detonou a bomba que vitimou aquelas pessoas dentro do trem.

Abrindo o filme com planos gerais e nos conduzindo ao claustrofóbico drama do personagem vivido por Gyllenhaal, enclausurado numa cápsula e falando com seus superiores através de um monitor, Duncan repete certos elementos psicológicos do seu filme anterior: como, por exemplo, a solidão, a clausura e as incertezas do próprio protagonista sobre sua verdadeira condição. E, assim como Lunar (2009), a realidade sobre a personagem nos surpreende.

Contra o Tempo é um filme criativo e bem amarrado, apesar do complicado tema, e consegue prender o público através de um bom ritmo e um ótimo roteiro que sabe entregar os detalhes da trama de forma gradativa e na medida certa, sem nunca parecer artificial. Assim, mais uma vez, o filho de David Bowie prova ser uma grande promessa da ficção científica numa indústria cinematográfica que já há algum tempo necessita de boas ideias. Um sopro mais do que bem vindo de criatividade num cinema que anda caduco na sua epidêmica falta de criatividade.

Ficha técnica:
Título original: Source Code
EUA , 2011 – 93 min.
Ficção científica
Direção: Duncan Jones
Roteiro: Ben Ripley
Elenco: Jake Gyllenhaal, Michelle Monaghan, Vera Farmiga