A Secretaria de Mobilidade de Natal publicou planilha, que segundo a pasta, justifica o aumento da tarifa nos ônibus coletivos da cidade. Apesar de apresentar restrições metodológicas – no que concerne a não-demonstração de como se deu a coleta de dados [já toquei nesse problema em post anterior] e os números gerados – e produzir comparações descontextualizadas entre valores praticados em outras cidades, a prática ajuda a qualificar o debate.
SOBRE A COLETA E GERAÇÃO DE DADOS
Em qualquer demonstração estatística, de dados pouco adianta publicar resultados. Quem tem cacoete com pesquisa sabe que mais importante – e antes de tudo – é entender como às informações foram construídas. Dependendo da “lente” (instrumento de aquisição de informações), o “tigre” vai ser pequeno, ou enorme. Seria bom esclarecer essa fase, que é primária.
SOBRE A COMPARAÇÃO
Estamos ali em posição intermediária, com os nossos R$ 2,20, na lista dos preços cobrados no nordeste. No entanto:
O Seturn não recebe subsídio fiscal. Mas:
Ônibus em Natal não tem custo com cobrador em 60% de sua frota. Estranhamente, o TRT-RN, após provocado, permitiu que um motorista dirija um carro de 50 lugares, contando moedas. Essa condição de trabalho foi abolida nas outras capitais, enquanto o sistema não estiver 100% informatizado. Motivos trabalhistas e de trânsito óbvios. Não só para o TRT;
Natal tem um dos menores perímetros urbanos do nordeste;
Não há cobrança mais barata para os trechos menores – enquanto outras cidades cobram valores menores para trechos menores, nós sempre pagamos cheia;
Carros rodam ser ar condicionado – conforto já está se tornando realidade, mas não para a gente;
As linhas ultrapassadas em relação ao desenvolvimento da cidade forçam o pagamento de mais de uma tarifa, problemas de integração;
Frota das mais velhas do nordeste – somos importadores de ônibus de outros estados do nordeste;
Serviço precário de transporte noturno e para deficientes, etc. A reclamação é constante, inclusive, aqui na Carta Potiguar já veiculamos o assunto;
Em João Pessoa, estudantes da rede municipal andam de ônibus gratuitamente – recebem duas passagens por dia.
São problemas e virtudes que jogam contra o nosso combalido transporte público municipal. É preciso pesar os pontos negativos e positivos de cada modelo praticado, para, aí sim, fazer uma análise mais fundamentada.
ZERANDO
Uma nova licitação vai ser fundamental para re-pactuar sistema e controle público e social.
Mas, repito: a planilha abre o debate…
Planilha
http://www.slideshare.net/NatalPrefeitura/proposta-reaj-f2013