A possibilidade de aumento da passagem de ônibus em Natal estampa a capa da Tribuna do Norte. Caso ocorra, a tarifa deixa o patamar de R$ 2,20 e chega ao de R$ 2,60 – R$ 0,40 mais cara. Conforme os empresários do setor e a secretária da Semob, os funcionários que fazem o transporte público já obtiveram três aumentos salariais e existiu também o incremento de outros custos, o que tornaria a reivindicação válida.
A gritaria hoje foi grande. Afinal, de 0,40 em 0,40 a galinha enche o papo e o bolso do trabalhador fica vazio.
Mas há algo de mais preocupante do que a própria elevação da taxa em si. É o poder público não ter ideia se as informações passadas acima e outras mais estão corretas, se são verídicas.
E por mais que se fale em “planilha de custos”, a Prefeitura Municipal do Natal, a Câmara dos vereadores, hoje, não têm controle sobre o número de passageiros, estudantes, idosos, deficientes físicos, etc, enfim, a exploração comercial do serviço, que é uma concessão pública e que deveria estar sendo regulamentada pelo Estado com a participação da sociedade civil.
O modelo vigente de (não) averiguação direta foi fortalecido pela gestão anterior de Micarla de Sousa. Os dados são produzidos e repassados pelo SETURN – Sindicato das Empresas de Transportes Urbanos de Passageiros do Município do Natal. É como se o lobo fosse colocado para tomar conta das ovelhas.
Desse modo, é inócua a discussão sobre aumento, se a gente não conhece o número de transportados, quantos são e qual o impacto gerado pelos beneficiados com a meia-passagem, a lucratividade, linhas mais custosas (com a possibilidade de cobrar tarifa menor para percursos mais baratos, a exemplo de outras cidades do Brasil), relação entre taxa cobrada e conforto oferecido, etc.
Fiquei com os dedos doendo o ano passado de tanto teclar a respeito disso, sobretudo, quando um seguimento do movimento estudantil anuiu que a emissão das carteiras fosse administrada pelo Seturn e não por um órgão competente sem interesse financeiro objetivo na operação.
Se tomarmos às rédeas do que é nosso, o debate que começa a se processar perderá significativa parte de sua relevância e tomará outro rumo, aquele que será melhor para o cidadão. Acredito que a prefeitura terá interesse em promover uma melhoria no sistema em pauta, se é que já não está fazendo. Vamos cobrar e articular a reflexão.
Vale lembrar também da licitação, que servirá de (novo) meio de gestão e repactuação de um transporte público de qualidade.