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Homem de Ferro 3

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Homem-de-Ferro-3-poster-02Homem de Ferro 3 desperdiça quase toda a bem sucedida construção do universo Marvel no cinema e exagera no humor, mesmo que tenha vendido para o público, através dos trailers, algo mais sombrio.

Embora seja superior a maioria dos filmes com personagens da Marvel produzidos pela Fox, e consiga manter o tom e a qualidade conquistada pelos filmes da Marvel Studios, Homem de Ferro 3 desperdiça suas referências à mitologia construída nos filmes anteriores ao se concentrar apenas no seu personagem, precisamente, no homem por baixo da armadura. Por outro lado, para aqueles que estavam reclamando que alguns filmes solos dos personagens da Marvel estavam apenas preparando para Os Vingadores, Homem de Ferro 3 é de fato um filme solo do personagem ao ponto de não se preocupar em construir uma linha de eventos que prepare terreno para futuras produções, a não ser deixar questionamentos motivados por mera especulação.

Apostando num dispensável tom de “fim de trilogia”, Homem de Ferro 3 muda de diretor. Sai Jon Favreau, diretor que soube comandar bem os dois primeiros, e entra Shane Black, antigo roteirista da série Máquina Mortífera. Esta mudança parece fazer com que o humor seja mais explorado em meio a uma vertiginosa ação. Há uma atenção maior a Tony Stark (o sempre competente e carismático Robert Downey Jr.), colocando ele em situações em que deve improvisar pela ausência da armadura na maior parte da projeção. Uma boa escolha se levarmos em conta a necessidade de explorar mais o homem atrás da armadura, dando atenção ao trauma psicológico resultante das suas experiências no filme Os Vingadores. Assim, o filme faz um link obrigatório aos acontecimentos anteriores, mais especificamente, a travessia no “buraco de minhoca”. Sendo isto, talvez, o único ponto que pode sugerir acontecimentos vindouros para o vingador. Entretanto, nada, além disso, sugere o universo Marvel. Em Homem de Ferro 3 somente há lugar para o próprio, e mais especificamente, Tony Stark (a frustrante cena pós-créditos prova definitivamente isto, embora traga do filme dos vingadores mais um deles). É como se o personagem tivesse sido arrancado dos outros filmes e não devesse nada a eles,  se concentrando em mostrar um Tony Stark além da armadura. E, ao mostrar vários modelos de armaduras do Homem de Ferro, ele consegue reforçar este aspecto, acentuado com a fala de Pepper Potts (Gwyneth Paltrow) em determinado momento.

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Ben Kingsley encarnando o vilão Mandarim.

A própria expectativa criada em torno do vilão Mandarim, vivido pelo ótimo Ben Kingsley, sofre uma reviravolta que ofenderia (e ofende) os fãs dos quadrinhos. Embora, devo admitir, diante do contexto político e midiático que o roteiro expõe, possa ser muito interessante no sentido de possibilitar uma releitura dos arquétipos do vilão para os dias de hoje, ao mesmo tempo em que faz uma autocrítica à política externa norte-americana e o lugar da mídia em relação à figura do terrorista.

Entretanto, nem mesmo na cena pós-créditos o terceiro filme do Homem de Ferro faz uma referência clara ao futuro do personagem e, principalmente, ao futuro do universo Marvel no cinema. E, para um público que já se acostumou a esperar o surgimento de um novo personagem ou a deixa para um grande acontecimento (principalmente na tão esperada cena pós-créditos), resta apenas a frustração de ter assistido um bom “filme de super herói” resumido ao seu próprio universo. Mas que não alcança, satisfatoriamente, a vasta mitologia em que ele está inserido.

 

Cena inspirada no velório do piloto brasileiro Ayrton Senna.
Cena inspirada no velório do piloto brasileiro Ayrton Senna.

 

 

 

Ficha técnica:

Iron Man 3 (EUA , 2013)

Direção: Shane Black

Roteiro: Shane Black, Drew Pearce

Elenco: Robert Downey Jr., Guy Pearce, Ben Kingsley, Gwyneth Paltrow, Rebecca Hall, Paul Bettany, Don Cheadle, Jon Favreau