Os cardeais, em Roma, estão reunidos para decidir quem será o futuro Papa. Quem quer que seja o eleito, tenho poucas dúvidas de que a mesma postura de não-reconhecimento dos direitos reprodutivos das mulheres continuará a ser levada adiante, com obstinação fundamentalista, pela Santa Madre.
O Vaticano, mais e mais, estreita seus laços com as coalizões que continuam a querer meter a mão no corpo feminino. E a sexualidade feminina continuará a ser visto como um território para a incursão reguladora dos religiosos machos. Muitos deles, sabemos agora após a divulgação dos escândalos mais recentes (após quase uma década de relatos escabrosos sobre a pedofilia praticada por padres nos quatro cantos do mundo), estão enredados em teias de chantagens devido a suas práticas sexuais.
No geral, as religiões (e os religiosos) temem muito, um pavor quase atávico, às mulheres. Mais ainda, a sexualidade e o prazer femininos. As mulheres reconhecidas são as santas, cuja sexualidade é negada… ou sublimada.
Por isso, neste 08 de março, vale a pena lembrar daquelas que foram às ruas afirmar, em meio em um país predominantemente católico (Espanha), que o corpo feminino resiste aos esquadrinhamentos do poder. Especialmente quando este poder se cobre com as mantas da hipocrisia.