Tenho me mostrado terminantemente contrário a esse moralismo de doar os salários como projeto político, sobretudo, o capitaneado pela parlamentar municipal Eleika Bezerra (PSDC), que agora anuncia entregar parte dos vencimentos para instituições filantrópicas do bairro de Mãe Luíza.
Ora, existe algo mais desmobilizador do que isso? Um vereador tem de atuar no legislativo como gerador de políticas-leis para melhorar a vida das pessoas. Vereador não é um messias, ou um São Francisco.
Sua atividade é a de realização do debate democrático qualificador, fiscalizador. De pensar meios para incluir, tornar o público, de fato, público.
E aí eu me pergunto, por que comemorar-elogiar tanto uma doação salarial? Ela é melhor política do que os que ficam com o referente pelo suor do seu próprio trabalho? Para mim, com todo o respeito que nutro pela vereadora, como em relação a qualquer outra pessoa, não quer dizer nada.
Alias, quer dizer algo. Que está faltando projeto de inclusão e de geração de cidadania, estes sim objetivos fundamentais daqueles que compõem a dita casa do povo.
No final, só a criminalização da política, com a alegação de fundo que ela é onerosa e a tentativa de se legitimar enquanto vereadora, a partir da ideia de que tem um coração bondoso.
Nesse moralismo, meus queridos, eu não vou cair.
