O governador de Pernambuco Eduardo Campos é o novo queridinho da imprensa.
Nas análises que tomam desejo por realidade sobre a suposta hipertrofia política da “nova força eleitoral do Brasil”, todos os prefeitos eleitos pelo PSB lograram êxito em sua jornada porque tiveram o apoio do herdeiro de Miguel Arraes.
E o mais interessante: todos os prefeitos vão transferir o voto para ele, que é também presidenciável, em 2014.
É como se o eleitor que votou Larissa Rosado (PSB), candidata a prefeita de Mossoró (RN), por exemplo, tivesse escolhido a filha da deputada federal Sandra Rosado pelo projeto de Eduardo Campos.
É como se o eleitor de Larissa olhasse para Eduardo Campos, presidente nacional do PSB, e não para o lixo, mobilidade urbana, escola, saúde.
À oposição interessa a multiplicação de candidaturas, sobretudo, aquelas que demonstrem competitividade no nordeste, região do país em que o PT vem contraindo significativas votações. Eduardo Campos seria, nessa perspectiva, um grande ator no sentido de dividir os votos da presidente Dilma, candidata provável a reeleição.
Há, ao meu ver, uma outra suposição falsa por trás dessa construção analítica, ou, no mínimo, passível de ser questionada – a de que Eduardo Campos será um campeão de votos no nordeste.
Se coloque, caro leitor, mais uma vez, no lugar do eleitor mediano e tente raciocinar: você é um cidadão de Picos, no Piauí, ou de Natal, no Rio Grande do Norte. Quais elementos são mobilizados para justificar uma mudança de comportamento eleitoral daquele que votou em Dilma para Eduardo Campos?! Ainda que o referido presidenciável possa ocupar o espaço dos “não-alinhados” às agremiações do PT-PSDB, se constituindo como a “terceira força” – lugar já preenchido por Ciro Gomes e Marina Silva -, não há nada de concreto que permita antever uma brusca recontextualização das forças políticas.
Dilma Roussef, em 2010, venceu em Minas Gerais e perdeu no estado de São Paulo por apenas 10% (55% x 45%), redutos que, do ponto de vista local, são dominados pelos tucanos e que os inventores de doxa alegaram que a oposição iria ganhar de lavada.
O Nordeste não é uma região una e indivisa, assim como também o Brasil não se encaixa facilmente em generalizações que desconsideram as indiossicrasias regionais. Portanto, é bom não subestimar a capacidade do eleitor de estabelecer diferenças e construir critérios distintos para realidades específicas. Melhor. Não é inteligente impor um modo de racionalidade verticalizadora, que o votante já mostrou não seguir.
PRATELEIRA
Eleição é igual a prateleira de supermercado: quanto mais produto melhor. Deste modo, a candidatura de Eduardo Campos, dada por alguns como certa, ajudará a diversificar às ideias e qualificar o debate. Enfim, tornará o mercado político mais sortido.