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Caso Kenny Valentim: Operação Odivelas

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PC Action 04O Compromisso da Polícia Civil/PA

Por Ivenio Hermes

Da Ocorrência Original

Na noite de segunda-feira dia 26 de novembro de 2012, em São Caetano de Odivelas, Estado do Pará, o vereador eleito do PT do B, Kenny Valentim, foi assassinado quando estava em um mercadinho com mais seis pessoas, na principal via da cidade.

Ele morreu enquanto era conduzido, na carroceria da camioneta de seu irmão, para um hospital no município vizinho de Vigia e seu falecimento foi consequência direta das perfurações causadas por cinco tiros de revólver calibre 38.

O jovem e futuramente empossado vereador já vivia sob a sombra da ameaça desde algum tempo devido às suas ideias políticas e seu rompimento com outro político local: Renato Fialho.

PC Action 01Da Evolução do Caso

Como uma pessoa querida por todos, a morte de Kenny foi impactante e gerou muitas especulações e muitas publicações alheais ao segmento investigativo baseado em fatos concretos e que suscitavam hipóteses plausíveis.

Após o sepultamento do vereador eleito, realizado no cemitério da comunidade de São Sebastião, em São Caetano de Odivelas, o delegado Gilvandro Furtado, chefe da Divisão de Homicídios da Polícia Civil, entendeu que deveria pessoalmente comandar as investigações sobre o caso.

A família, naturalmente inconformada, cobrou ações positivas para a solução do caso. E os familiares e amigos com quem conversei ao buscar subsídios para esse texto, foram unânimes em apontar Renato Fialho e seu filho, Rafael Fialho, como as verdadeiras faces por trás desse crime.

Deslocando-se da capital do Estado, Belém, onde fica a sede da Divisão de Homicídios, ele e sua equipe estiveram in loco coletando dados, realizando entrevistas e obtendo depoimentos. Naquela ocasião, quando se iniciavam as investigações, já estava confirmado que Kenny, que não tinha passagem pela polícia, era mesmo objeto de ameaças e, portanto o alvo dos atiradores.

Gilvandro estabeleceu como realmente ocorreu o crime. Sérgio Nascimento Barros chegou dirigindo seu veículo um GM/Ágile de cor preta no estabelecimento onde Kenny se encontrava e pediu um refrigerante, em seguida, César Augusto Sousa de Araújo efetuou os disparos que vitimaram o vereador eleito.

PC Action 03Das Ações da Divisão de Homicídios da PC/PA

Em 29 de Janeiro de 2013, a Divisão de Homicídios juntamente com outros grupos de policia especializada, deflagrou a “Operação Odivelas” que foi realizado na Região de Belém e São Caetano de Odivelas, e que resultou na detenção de quatro homens suspeitos de envolvimento no assassinato de Kenny Valentim.

Confira os suspeitos capturados e suas implicações no caso:

  1. O policial militar do Pará, Sérgio Nascimento Barros é acusado de comandar um grupo de extermínio e é lotado no Tribunal de Contas dos Municípios (TCM);
  2. César Augusto Sousa de Araújo pratica atividades de miliciano realizando “proteção clandestina” de lojas num bairro de Belém, além de estar envolvido com a pistolagem;
  3. O cabo da PM, lotado no Destacamento de Vigia de Nazaré, Delcídio Lisboa Ferreira;
  4. E o caseiro Jerry Adriano, da fazenda de propriedade do suspeito de ser o mandante do crime.

Várias testemunhas reconheceram Sérgio e César como os autores do assassinato, comprovando as investigações de Gilvandro. Sérgio era o motorista do GM/Ágile e César o perpetrador dos disparos. Já sobre Delcídio e Jerry recai a acusação de intermediar a contratação dos pistoleiros para Renato Lima Fialho, que no inquérito policial, consta como suspeito de ser o mandante do homicídio.

PC Action 02Dos Entraves da Ação Policial

A Operação Odivelas cumpriu alguns mandados de busca e apreensão, cujos resultados foram os seguintes:

  1. No apartamento de Renato Fialho, em um prédio de luxo, foram encontradas 50 munições de calibre 22; 24 munições de calibre 380; 8 cartuchos de calibre 20 e 3 cartuchos de calibre 28, além de um cofre, uma agenda e um coldre para arma longa;
  2. Na fazenda Santa Luzia, também pertencente a Renato Fialho, situada em São Caetano de Odivelas, local onde foi preso Jerry Adriano, mais armamento e munição foram apreendidas;
  3. Na casa do cabo Delcídio Lisboa Ferreira, na sede do município, foram encontradas quatro granadas, uma moto juntamente com três pares de algemas;
  4. Foram mais de 10 armas apreendidas, dentre elas uma metralhadora de fabricação boliviana, escopeta, fuzil e um revólver, além de, obviamente, farta munição, um carro modelo GM/Ágile preto usado no assassinato do vereador, e uma moto utilizada em outro homicídio.

Alguns familiares e amigos dos Valentim afirmam que a várias solicitações de prisão preventiva de Renato Fialho foram negadas. Outras preventivas cujo o objetivo era deter o vereador suplente Jaime dos Santos Costa e o ex-vereador Severiano Batista Chagas Filho, ambos da região, também não foram concedidas pelo juiz de direito Sérgio Cardoso Bastos, que é tido como amigo de Renato Fialho.

Não resta dúvida da ligação de Renato Fialho com o crime. Inclusive, vale lembrar que ele alardeava em São Caetano de Odivelas que Kenny poderia até ser eleito, contudo, não sentaria na cadeira representativa do cargo de vereador, e ainda ia além ao dizer que provaria isso.

Embora os parentes da vítima acreditem no trabalho da Polícia Civil do Estado do Pará, principalmente na figura de Gilvandro Furtado, como chefe da Divisão de homicídios, eles não acreditam no apoio do judiciário para o caso.

PC Action 05Da Continuidade das Ações

Durante as investigações, outras informações surgiram que mostra que a quadrilha que assassinou Kenny Valentim agia costumeiramente.

A equipe da Divisão de Homicídios conseguiu evidências do envolvimento de César e Sérgio em outro homicídio no bairro do Benguí em Belém, utilizando o mesmo modus operandis de chegar no veículo GM/Ágile e na moto. Dessa vez a vítima foi Carlos Nahum da Silva, morto a tiros em uma panificadora, por volta de 19h30, do dia 23 de janeiro.

Também conseguiram comprovar que eles se preparavam para cometer mais dois assassinatos por encomenda, cujas vítimas residem em Santo Antônio do Tauá, Estado do Pará.

Embora seja inegável o esforço da Divisão de Homicídio para deter suspeitos e chegar ao mandante da morte de Kenny Valentim, executado covardemente com disparos de arma de fogo, a justiça ainda está distante de ser servida por completo.

O ciclo completo dessa ação desenvolvida pela Polícia Civil somente se realizará quando forem capturados todos os envolvidos, terminada a investigação e o inquérito policial, os réus levados a um julgamento justo e suas punições forem devidamente estabelecidas.

Não há justiça completa sem a punição dos culpados. As falhas em punir geram descrédito no trabalho policial e um grande incentivo à impunidade, algo que não pode ser permitido.

Portanto, aguardemos ainda, que no caso Kenny Valentim, a justiça seja realmente feita.

 

REFERÊNCIAS:
AVELAR, J. R.. Polícia detém suspeitos do assassinato de vereador. Diarioonline. Disponível em: < http://db.tt/at0agF3Z >. Publicado em: 29 jan. 2013

SANTOS, Walrimar. Operação prende envolvidos na morte de vereador de São Caetano de Odivelas: Operação Odivelas. Agência Pará de Notícias. Disponível em: < http://db.tt/zWilBbdb >. Publicado em: 30 jan. 2013.