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Pesquisando Segurança Pública com Henrique Baltazar

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Gothic Vantage by PinemanSonhando com o fim da impunidade

Por Ivenio Hermes

Encontro com o mestre

As fontes de pesquisa sobre Segurança Pública, como já comentamos anteriormente, nem sempre estão em publicações espalhadas pelas bibliotecas e livrarias do mundo, ainda mais que se trata de uma ciência social que está em constante evolução e que se adapta de acordo com a realidade onde a sociedade a vivencia.

Para entender esse assunto, o analista pesquisador precisa sair de trás do conforto da escrivaninha e do ambiente refrigerado e ir à cata de dados onde eles existem de fato, onde eles estão ocorrendo e transformando a realidade de um povo, ou ainda, como nos tempos das escolas gregas, procurar os mestres, cuja experiência acumulada aliada ao conhecimento teórico aplicado na prática, são fontes vivas de material que poderá recriar o conhecimento que se tem.

Nossa sociedade precisa de conhecimento dinâmico, de homens que não reproduzam paradigmas antigos e obsoletos, mas que recriem o saber, adaptando-o para os novos tempos.

Exatamente por isso, as análises apresentadas no Blog do Ivenio e na Carta Potiguar precisam de uma profundidade maior e em 6 de dezembro de 2012 estivemos bebendo na fonte da experiência em segurança pública através de um encontro com o mestre Henrique Baltazar Vilar Santos.

Dr Henrique BaltazarCoragem Para Falar

Conhecido no twitter como @hbvsantos, a rede social que fez por se revoltar com as coisas que a imprensa escreve e ninguém responde, o Juiz de Direito Henrique Baltazar, especialista em direito processual civil e penal e MBA em gestão judiciária, usa o jargão “Sonhando com o fim da impunidade” para mostrar sua natureza decidida e sua coragem para falar.

Natural de Caicó, o jovem Henrique possuia um talento natural para a matemática e era a aposta de seus professores de que ele ingressaria na Universidade na área das Ciências Exatas. Aliás, todos esperavam dele a opção por uma das engenharias e quando ele saiu de casa para fazer vestibular, não informou a ninguém que optara pelo Direito.

Decorreu algum tempo para que ele comunicasse essa novidade ao seu pai. Dr. Baltazar relatou que numa certa ocasião ele encontrou-se com seu professor mais entusiasta de sua carreira como engenheiro e ele se mostrou revoltado afirmando que procurara o nome de Baltazar em todas as engenharias, matemáticas, física e não encontrara o nome de seu aluno, ficando desapontado com a não aprovação no vestibular.

Henrique Baltazar então disse que subitamente resolvera cursar Direito, algo que desapontou o antigo professor. Porém, assim era e permanece sendo a postura do magistrado: não se deixa levar por pressões e opiniões com as quais não concorda.

Isso fica claro na forma seletiva como escolhe a quem seguir no twitter. Atualmente, ele segue apenas 89 pessoas, entretanto, ele é seguido por 1821 ávidos leitores das informações coerentes e bem fundamentadas que ele posta.

Dentro daquilo que o Chefe de Execuções Penais do RN, Dr. Henrique Baltazar, divulga em seu twitter, ele fala a verdade, o que pensa e o que acha. Em suas palavras está embutido um compromisso com a sociedade.

F. GomesA Criação da Reputação

A reputação ilibada e o conhecimento adquirido através do estudo e da experiência não surgiram sem empenho. Em uma época marcada pelo medo da imprensa, perseguições aos servidores públicos, uma tentativa de difamar o juiz foi publicada dizendo que ele ficara mais de 3 semanas sem comparecer em sua comarca, atribuindo a ele a má fama de servidor ausente e ainda o acusavam de estocar munição de arma de fogo em sua casa.

Dois jornalistas divulgaram essas informações pejorativas e Henrique Baltazar os contatou dizendo que queria dar uma entrevista sobre o assunto e sobre o que mais eles quisessem que fosse esclarecido.

Um deles perguntou quais perguntas deveria fazer, mostrando-se nervoso com a possível presença de um juiz de direito no jornal. “Perguntem o que quiserem, estarei aí para responder.” Foi a resposta do Dr. Baltazar.

Amedrontado, um dos jornalistas não compareceu no dia da entrevista e o outro, o radialista e jornalista Francisco Gomes de Medeiros, mais conhecido como F. Gomes, conduziu a pauta onde ficou esclarecido que a ausência da comarca que fora citada se dera em função de férias. Já no caso das munições, como praticante da modalidade de tiro esportivo IPSC (International Practical Shooting Confederation) e por isso tinha licença para fabricar sua própria munição esportiva cujo custo é reduzido em mais de 60% do valor da munição nova.

A humildade e coragem de se deixar indagar sem pauta prévia conquistaram a amizade de F. Gomes, um jornalista sério e competente. Uma amizade que durou até o dia 18 de outubro de 2010, quando o jornalista foi executado a tiros em frente a sua casa no município de Caicó, onde morava, na região Seridó do Rio Grande do Norte (1).

Com essa reputação bem firmada, Henrique Baltazar nunca teve problemas com a imprensa séria. Responde a tudo que lhe é perguntado se for dentro de sua área de conhecimento e possuir informação. Por ser servidor publico, considera que tem obrigação de prestar contas à sociedade.

Calvin e HaroldoA Contribuição Para A Pesquisa

As informações concedidas pelo Dr. Henrique Baltazar em 6 de dezembro de 2012 encheram mais de 12 páginas de anotações. Foram dados preciosos que deram a cola necessária para conectar de forma precisa diversos fatos. Eu quase não precisei perguntar, simplesmente sentei-me diante dele e com a ajuda de minha assistente de pesquisa, anotei o máximo que pude, gravei narrativas de fatos e fiz fotografias (2). Era material para fundamentar mais ainda meus artigos, como quando afirmei que o crime organizado estava atuando no Rio Grande do Norte e até o comandante da Polícia Militar negou isso, mas o Dr. Henrique Baltazar também apoiou meu argumento sustentado em informações do próprio Ministério da Justiça. (3)

Muito querido em sua lotação de origem (4), ele não permaneceu lá sabendo que poderia fazer algo melhor e segue desafiando o sistema. (5)

Quando saí do gabinete humildemente decorado do juiz, após conseguir um livro autografado por ele, eu queria escrever de imediato tudo o que eu pudesse. Entretanto, assim como o mestre Henrique Baltazar, eu também acredito em Deus, e não costumo escrever sem antes analisar o material que possuo.

E foi assim que percebi que o Juiz me dera um guia para escrever sobre a segurança pública potiguar com mais coragem, Um roteiro de trabalho que me levou até Mossoró para conversar pessoalmente com o Jornalista Cezar Alves de Lima (cujo contato também foi vasto em material coletado), me aproximou do então secretário de Justiça e Cidadania do Rio Grande do Norte, o delegado federal Kércio Pinto (a quem devo grandes contribuições), me fez fazer levantamentos fotográficos, catalogar material, buscar informações com policiais da área de inteligência e da atividade ostensiva, com procuradores, no ministério público, entender certos meandros que impedem ações mais concretas do Secretário de Estado da Segurança Pública e da Defesa Social, (Sesed-RN), Aldair da Rocha e enfim, perceber que o que eu estava para escrever não se resumiria num artigo.

Henrique Baltazar é um ex-aluno do Colégio Diocesano Seridoense. Assim como eu, já passou pelo fantasma da ameaça de morte e sua formação religiosa e orientação maçônica o levam a crer em Deus. Possui hábitos de leitura e gosta das tiras de Calvin And Hobbes (6) (Calvin e Haroldo) de Bill Watterson. Ele contribuiu grandemente para meu futuro como pesquisador, e certamente foi quem me inspirou a criar a série de artigos que está redefinindo os conhecimentos sobre a segurança pública potiguar, os crimes de gaveta.

 

REFERÊNCIAS

(1) FELIPE, Maiara. Jornalista F. Gomes é assassinado a tiros em Caicó. DN Online. Disponível em: < http://db.tt/k8wAZCG3 >. Publicado em: 18 out. 2010.

(2) HERMES, Ivenio; SANDRINELLI, Sáskia. Ao Mestre Com Carinho: Álbum Fotográfico Digital. Fanpage do Blog do Ivenio Hermes. Disponível em: < http://migre.me/cHR20 >. Publicado em: 05 jan. 2012.

(3) TRIBUNA DO NORTE (Brasil RN Natal). Juiz Henrique Baltazar confirma crime organizado. Blog Cardoso Silva. Disponível em: < http://db.tt/0O4REe35 >. Publicado em: 17 mar. 2012.

(4) PIRES, Robson. Juiz Henrique Baltazar é removido para Natal. Opinião. Disponível em: < http://db.tt/4XRqDZnc >. Publicado em: 8 abr. 2008.

(5) TRIBUNA DO NORTE (Brasil RN Natal). Juiz interditará Penitenciária de Alcaçuz Devido a Superlotação. Nísia Digital. Disponível em: < http://db.tt/vwqFZhQL >. Publicado em: 06 ago. 2012.

(6) WIKIPÉDIA (Org.). Calvin and Hobbes. Disponível em: < http://db.tt/vwqFZhQL >. Acesso em: 29 jan. 2013.