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Os diversos cenários de José Serra

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Do Analista Humeano – lordedaniel.blogspot.com.br

Por Alan Lacerda, Professor de Políticas Públicas da UFRN

 

Após a segunda derrota eleitoral consecutiva de José Serra (PSDB) no pleito de 2012, não foram poucos na mídia e nas redes sociais os que vaticinaram seu desaparecimento da cena política. Passada a poeira eleitoral, sabemos que as coisas não são bem assim.

Serra segue controlando conexões importantes na mídia e na indústria paulistas, e o PSDB está longe de poder descartá-lo. Provas disso são os rumores de que ele teria sido convidado por Geraldo Alckmin, governador de São Paulo, para seu secretariado. De resto, há notícias dando conta de que um de seus principais aliados, o senador Aloysio Nunes (SP), seria guindado à liderança do PSDB no Senado como forma de compensar o grupo serrista.

O recado dos diversos movimentos é claro: embora dispostos a retirar Serra da disputa presidencial de 2014 em favor do senador Aécio Neves (MG), os principais líderes peessedebistas não desejam isolá-lo a ponto de estimular a migração do correligionário para outra agremiação.

Que cenários se desenham no caso da concretização de sua saída do PSDB? O noticiário é, compreensivelmente, pouco claro a respeito. Fala-se em um convite do PPS, que poderia ser o canal para a fusão com outras forças rumo a uma nova agremiação e à terceira edição do projeto presidencial serrista. O convite provavelmente existiu, sendo que o principal obstáculo para este curso de ação é a pequenez do partido presidido por Roberto Freire (11 deputados federais).

Segue inexplorado, entretanto, no noticiário outro cenário: a ida do ex-governador para o PSD de Gilberto Kassab, ex-prefeito de São Paulo e aliado de Serra desde 2004. Como se sabe, o PSD se define hoje como independente em relação ao governo Dilma, mas Kassab opera dia sim dia não pelo apoio do partido à atual gestão. A transposição de Serra para o PSD tornaria complexo o cenário eleitoral paulista de 2014, ampliando as opções do político, talvez mais do que uma duvidosa operação de criação de nova legenda. Uma vez no PSD, Serra poderia tanto realçar as características que ainda distanciam a agremiação da presidente Dilma quanto possibilitar acordos com o PT paulista para 2014. Aliás, as implicações da última hipótese bem podem ser o que provoca tantas reações da cúpula peessedebista no sentido de evitar sua desfiliação.