Os chatos de 2012
DO NOVO JORNAL
Por Rafael Duarte
Acabou a expectativa. Depois do barulho provocado pela relação do ano passado, a lista de chatos de 2012 veio eclética, com representantes de vários segmentos da sociedade. Além da lista assinada pelo jornalista Rafael Duarte, este ano criamos o voto popular e encomendamos ao artista plástico Franklin Serrão o troféu ‘O Chato do Ano’. Ficou uma beleza. A ideia é entregá-lo ao campeão de votos do público que enviou as sugestões por email ou através das redes sociais. A lista de chatos é uma brincadeira que começou em 2011, ganhou corpo e este ano ilustra uma página. Vamos aos vencedores e parabéns aos premiados!
1º lugar – Micarla de Sousa
Chata Óbvio Ululante
Daqui até o mundo acabar de novo os próximos candidatos terão que se esforçar muito para superar Micarla de Sousa. Noves fora a arte de sumir com dinheiro público, a ex-prefeita de Natal incorporou a fantasia de cavalo selvagem e desembestou na corrida para bater a própria rejeição. Micarla conseguiu chatear 98% da população natalense. Ela chateou a oposição, chateou a própria bancada, chateou a imprensa, chateou o Ministério Público e chateou até os fiéis cargos comissionados que ainda penam para receber o agrado do fim do mês. A partir de agora, além de dizer que é mulher, mãe, jornalista e evangélica, Micarla pode assumir também que é chata e divulgar que, mesmo depois de afastada pela Justiça, conquistou mais uma eleição.
2º lugar – Edivan Martins
Chato ‘bêbo’ de festa
O ex-presidente da Câmara Municipal adotou a postura daquele ‘bêbo’ que enche o saco dos amigos no final da festa. É o sujeito que toma um goró e pensa que é o que nunca foi. Edivan não conseguiu se reeleger vereador de Natal, mas botou na cabeça que foi eleito. E para chato não há limite. Edivan chateou os colegas bancando a própria reeleição na Câmara Municipal sem ser vereador e, não satisfeito, decidiu chatear a Justiça para mudar o que o povo decidiu. Perdeu, recorreu, perdeu de novo e não desiste. O chato ‘bêbo’ de festa é um porre que ainda não sentiu a dor da ressaca marvada.
3º lugar –João Faustino
O chato que perdoa
Um chato acima de qualquer suspeita. Um homem que pro-vou, em 2012, até onde pode chegar a chatice humana. Ex-presidente da Fundação José Augusto, ex-deputado federal e ex-suplente de senador, João Faustino fez jus à terceira colocação. Denunciado pelo Ministério Público na operação Sinal Fechado, foi preso e solto duas semanas depois. O pior para a sociedade, porém, veio no segundo semestre deste ano. João resolveu escrever um livro. No best-seller, ele garante ter perdoado a todos. Só um cara muito chato, mas muito chato mesmo, é capaz de gastar 254 páginas de um livro para dizer que perdoa alguém e ainda cobrar 50 reais do chato que se interessou em saber quem danado foi perdoado. Nem Jesus Cristo gastaria tanto papel. Mais chato que João Faustino só quem ganhou o livro no amigo oculto este ano.
4º lugar –Bruno Giovanni
O chato reprodutor
O computador facilitou tanto a vida das pessoas que muita gente passou a usá-lo como espreguiçadeira para não fazer esforço. O empresário e Dj Bruno Giovanni é um cara bem informado, mas chateou demais em 2012. No blog do BG, Giovanni se orgulha da quantidade de acessos que conquistou, boa parte à custa do trabalho dos outros. Copiando e colando no próprio blog notícias de veícu-los que apuram e checam a informação antes de repassá-la aos leitores, BG reduz etapas e serve o produto já pronto, muitas vezes sem sequer creditar a fonte. Isso chateia o profissional que teve trabalho. Há ainda a informação publicada sem a apuração devida, o que não raro se descobre notícia inverídica. É muito mais barato e muito menos profissional. O chato repro-dutor também adora reproduzir elogios a ele mesmo. Nem Narciso, que acha feio o que não é espelho, era tão chato.
5º lugar – Carlos Augusto Rosado
Chato invisível
O marido da governadora Ro-salba Ciarlini conseguiu uma proeza em 2012: mesmo sem aparecer, foi o cara mais presente e comentado das rodas no primeiro semestre. Mesmo invisível Carlos Augusto Rosado foi chato. Olha que o problema não era nem a falta de cargo. Nome-ado para a Casa Civil do Governo, Rosado continuou invisível e ainda assim não saiu da boca da galera. Tudo o que aconteceu de ruim no governo Rosalba este ano foi debitado na conta do Ravengar. E o que aconteceu de bom… bem… de bom mes-mo… é… o que aconteceu de bom também não apareceu.
6º lugar – Geraldo Batista
O chato leitor
As seções de cartas dos jornais não são mais as mesmas desde a estreia de Geraldo Batista no NOVO JORNAL. Não há na história recente do jornalismo potiguar leitor mais chato que o nosso querido Geraldo Batista. Um chato de estimação, of course. O leitor que começou comentando as reportagens diárias do jornal, hoje se dedica a opinar sobre tudo e todos no espaço que adotou. Quando não escreve, o atencioso Geraldo também se preocupa, no comentário do dia seguinte, a explica o por quê da ausência do dia ante-rior. A redação pira quando as cartas começam com um elo-quente ‘A vocês que me leem neste espaço…’. Geraldo Batista é como o jornal impresso: quando a gente acha que vai acabar, lá vem ele de novo comentando a notícia do dia seguinte…
7º lugar – Manoel Onofre Neto
O chato PAE (Promotor Às vezes Erra)
O chato PAE é uma gratificação ao Ministério Público pelos serviços prestados em 2012. Um auxílio que iguala os chatos do MP aos chatos dos três poderes. Até porque chato também é o sujeito que se acha infalível. E não há nada mais desagradável que conversar com alguém que se acha perfeito. Em 2012, esse foi o caso do Ministério Públi-co. Instituição fundamental no combate à corrupção do país, o MP se mostrou tão ativo este ano coo chato. A prisão no início do ano de um bancário que nada tinha a ver com o escândalo dos precatórios foi só um exemplo de injustiça. Personificado hoje na figura do procurador geral de Justiça, Manoel Onofre Júnior, o MP também falha. Como a imprensa tem seus chatos, o Ministério Público também tem os seus. Fica a dica: Procuradores e Promotores Às vezes Erram.
8º lugar – Alex Padang
O Chato bravateiro
O presidente do América é muito chato. Desses que esperneiam para chamar a atenção. Em 2012 Alex Padang apelou até para o chororô. Quando a CBF amea-çou não liberar o estádio de Goianinha para o clube jogar a Série B, Alex Padang subiu nas tamancas, chorou e ainda culpou governo e prefeitura pela falta de estádio. Mas não deu um pio quando o Machadão foi derrubado. Alex Padang é aquele cartola chato à moda antiga que torce desesperadamente para o clube que dirige. Foi mais vitorioso que o principal rival em 2012, e também o mais chato.
9º lugar – Carta Potiguar
Chata em revista
O improvável aconteceu em 2012. Tomaram o lugar do Substantivo Plural na categoria ‘coletivo de chatos’. A Carta Potiguar, site criado pelo sociólogo Daniel Menezes como um contraponto à grande imprensa e identificado ideologicamente com a esquerda, foi disparado este ano o ponto de encontro que reuniu a maior quantidade de chatos da cidade. Nem o Beco da Lama conseguiu tamanha proeza. Os artigos e ensaios divulgados pela turma são bons quando não vêm com o viés patrulhador. Como se a única opinião correta do mundo fosse a da rapaziada. O pessoal também pisou na bola quando comprou a informação sobre a prisão de um estudante da UFRN pela reitoria que, depois da che-cada, constatou-se uma grande farsa.
10º lugar – Zé Dias
O chato de cristal
O produtor cultural Zé Dias tem bagagem para permanecer na lista de chatos por vários anos. Em 2012, foi grande mais uma vez o repertório. Zé é daqueles chatos que se emociona e chora. Frágil, de cristal. Tem um coração tão grande como a luta que tomou para si de alavancar a carreira da musa Khrystal, uma das grandes intérpretes do estado que vai ganhando aos poucos o Brasil. Zé Dias assume que é chato na rua, quando manda email, quando reclama do liseu, quando liga para chatear ou para passar uma informação bacana. Tudo isso faz dele um autêntico chato. Felizes dos chatos que sabem ser como o Zé.