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Não havia Natal no Sertão…

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Por Edmilson Lopes Júnior

 

Antes, bem antes, das forças modeladoras da globalização varrerem impetuosamente todos os territórios, os lugares tinham histórias e modos de vida mais ou menos próprios. Hoje, embolados na voragem da cultura-mundo, temos dificuldades em lembrar que, há não mais que três décadas, as coisas eram bem diferentes. É o caso da celebração do Natal.

Não me lembro de, quando criança, ter assistido ou participado de nenhum Natal. Não que o povo do sertão fosse menos religioso. Mas essa data, com a importância de hoje, simplesmente inexistia. E, óbvio ululante, nada havia de celebração consumista.

Não existiam datas comemorativas no Sertão? Claro que sim! Os padroeiros, em primeiro lugar. Os santos de julho, em especial. E Nossa Senhora. Depois, só a Páscoa. Que terminava sempre com a festa de “malhação do Judas”.

Ah! E essas eram celebrações coletivas. Havia uma expectativa muito grande em relação aos seus momentos. Sim, pois, sabíamos, íamos nos encontrar com conhecidos e amigos. Eram celebrações coletivas. Havia consumo? Muito pouco, além do investimento em roupas novas e alguns trocados para a aquisição de refrigerantes, bolos e cervejas.

Parece estranho, mas não havia Natal no sertão. Mas, será que aquelas pessoas de então estavam mais distantes do sagrado do que os consumidores vorazes que entopem os shoppings centers para a loucura das compras?

Publicado originalmente aqui.