“O exemplo do Corolla foi o mais citado: o carro custa US$ 16,2 mil, nos Estados Unidos, US$ 21,6 mil na Argentina e US$ 28,6 mil no Brasil”.
Poderíamos comprar mais Corolas. Bastava para isso que alguns empresários brasileiros lucrassem menos. Lucros altos nem sempre são motivos de festa. Eles podem significar também concentração de renda. Não é só o consumidor o único lesado com os valores de carros (e outras coisas) praticados no Brasil. O trabalhador também perde. Lucros altos com baixos salários significa dizer que o empresário passa bem menos do que deveria ao trabalhador (se comparado com países capitalistas de sucesso como os EUA, por exemplo), tolhendo seu poder de consumo e apenas aumentando o poder econômico (e consequentemente político) de alguns poucos.
No Brasil, ao criticar algo, sempre começamos pelo Estado ou pelo povo. A imprensa sempre coloca a culpa de todo “desastre” no Estado ou no povo. A culpa de tudo é sempre dos impostos (Estado) e da corrupção (indivíduo desonesto). As críticas feitas sempre tentam “invisibilizar’ a participação do Mercado no processo de exploração da população e surgimento de crises.
Em artigo publicado no dia 13/12/2012, sobre o valor dos carros no Brasil, o portal Uol notícias (artigo completo aqui) nos faz a seguinte colocação:
Estudo do Sindipeças revela que o custo de produção no Brasil é de 58% do preço final do carro, contra a média mundial de 79% e chega a 91% nos EUA.
– Fabricantes de autopeças revelam em Audiência Pública que o Lucro Brasil é de 10%, contra 5% no resto do mundo e 3% nos EUA.
Sempre costumamos criticar o Estado pela cobrança de impostos, mas nunca criticamos os empresários (Mercado) pela margem de lucro utilizada, que no Brasil é definitivamente muito elevada.
Não é apenas o Estado que explora o cidadão. Alguns empresários o fazem da mesma forma, no entanto, são invisibilizados no processo de aumento no valor dos produtos e raramente são colocados como o principal alvo das críticas. Temos marchas e correntes de email contra a corrupção e pela diminuição dos impostos. Mas nos negamos a fazer o mesmo quando o assunto é criticar a margem de lucro praticada por alguns empresários.
A crítica ao mercado não é algo a ser desconsiderada.