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Carnatal: A festa não é sua, meu amor, não sorria.

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A festa não é sua, meu amor, não sorria.
A festa não é sua, meu amor, não sorria.
A festa não é sua, meu amor, não sorria.

Alguns, ao observarem as críticas feitas ao Carnatal, acreditam que tais reclamações viriam dos que não gostam dos estilos musicas apresentados pela micareta. Acreditam que muitos, por não gostarem de Axé, Pagode ou mesmo Música Baiana no geral, fariam suas críticas ao Carnatal tentando deslegitimar a festa unicamente em função do gosto musical. Não se trata bem disso. Negar ou criticar o Carnatal é uma ação política.

A cidade de Natal vive uma situação de caos. Lixo por todo canto, professores sem receber salários, médicos fazendo greve, etc. Ainda apesar de tudo isto a prefeitura de Natal dirige verbas públicas para a festa privada chamada Carntal.

Todo cidadão que sabe destas situações e ainda assim opta por ir ao Carnatal comete um crime contra si mesmo. Legitima sua própria dominação, literalmente ajuda a encher de dinheiro aqueles que nos dominam e tratam o bem público ao bel prazer. Saber da realidade da cidade e ainda assim ir ao Carnatal é a expressão máxima da chamada “atitude blasé”.

A impessoalidade, traço marcante do homem metropolitano irá produzir, no dizer de Simmel uma característica essencialmente metropolitana: a atitude blasé. Essa atitude é consequência do homem urbano ser massacrado com um turbilhão de estímulos ou acontecimentos quotidianos, aos quais depois de certo tempo deixa de reagir, sofrendo uma espécie de anestesia, que faz com que ele não se espante com nada, tenha uma atitude distanciada, um embrutecimento produzido pelo excesso de estímulos nervosos. Não escapando desse meio conturbado e intenso, o homem metropolitano não encontra forças e nem tempo para se recuperar.

“Eu não estou nem aí para isso, já trabalho o ano inteiro e quero é me divertir”. Esta atitude de “indiferença” em relação a política é o reflexo do “homem (ou mulher)” metropolitano que é incapaz de reagir a novos estímulos (o conhecimento da “corrupção” por parte dos dirigentes de festas que participamos) de forma adequada.

Este tipo de pensamento que coloca questões políticas e econômicas em segundo plano dando visão apenas para “a festa” e esquecendo-se de todo o cenário político e econômico em que se encontra a mesma apenas corrobora ainda mais para que continuemos a ter uma cidade dominada por uma elite econômica que não dá a mínima para a população e administra a máquina pública ao bel prazer.

Resumindo: o Carnatal é legal? Dá pra se divertir bastante? – Sim é, sim dá. Porém, esta diversão irá dar apenas mais forças para aqueles que nos dominam e em nome de 3 dias de farra teremos que pagar, no futuro, com engarrafamentos, hospitais sem médicos, professores que não recebem entre outras maravilhas mais que a nossa elite consegue fazer com a máquina pública. Dinheiro é poder e ir ao Carnatal é dar poder ao inimigo.

 A festa não é sua, meu amor, não sorria!