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Apartidarismo ou senso crítico político

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Por Leandro Cruz, Graduando de História – UFRN

 

Pode-se observar dentro das principais discussões em torno da política, um tópico que vem se tornando cada vez mais distante de um consenso: a questão do apartidarismo. Críticas a esse tipo de visão vêm sendo elaboradas por partidos considerados de esquerda através dos seus sites oficiais. Alegam os defensores do partidarismo, que não se conectar a um partido compõe uma atitude voltada ao interesse burguês, cita-se Trotsky e Lênin para fomentar esse argumento, colocando o apartidarismo como um obstáculo que intercepta a luta proletária em direção a uma possível revolução, alicerçando a demonização dessa visão política. Discordando da apropriação desses discursos, me considero um apartidário e, assim como muitos outros, não estou nenhum pouco interessado no fortalecimento da burguesia, sou a favor dos movimentos sociais e me indigno, sem precisar de partido, com o monopólio político em torno de uma minoria que se empanturra de interesses privados, maculando a política nacional desde sempre.

Merece toda exaltação, a eloqüência, poder de liderança, astúcia e estratégia de líderes revolucionários como Lênin e Trotsky. Não nego a importância desses líderes para a história mundial, porém, ao se falar em partidarismo e apartidarismo devemos transferir e analisar esses conceitos em um contexto no qual se insere a política nacional na atualidade.

O sistema eleitoral de partidos hoje vigente no país vem produzindo uma série de vícios políticos benéficos apenas para o que chamamos de politicagem. Exemplos dessas mazelas são os financiamentos de campanha feitos pela iniciativa privada, mudando o foco dos objetivos políticos, que sai do interesse coletivo, desembocando nos interesses particulares desses financiadores sedentos por futuras licitações ou outras vantagens eleitoreiras. Outro aspecto é o já fatigante sistema de coligações que tem como conseqüência o fatiamento dos cargos políticos entre os vários partidos que compõem o bloco vencedor, é esse sistema que na minha visão, fortalece políticos que já deviam ter saído de cena como os ex-presidentes José Sarney e Fernando Collor, ambos caminham serenos e de mãos dadas com o governo petista.

Além dos problemas citados no macro sistema político, vislumbramos entre alguns filiados de partidos uma espécie de fanatismo que beira o religioso. Como explicar o silêncio de alguns partidários antel, por exemplo, o veto que a presidenta deu ao material anti-homofobia que seria distribuído nas escolas? E aqueles que desviaram o olhar em outro sentido não se indignando com o silêncio, interrompido apenas por uma pergunta oportuna no Fórum Social de Porto Alegre, da Presidenta com relação ao massacre ocorrido em Pinheirinho? Trazendo para uma memória mais recente, como não conseguem ver o desastre que está sendo a política do governo para com os grevistas em todo o Brasil? É por essa escassez de autocrítica da maioria dos partidários, que hoje na situação que está nossa política, o apartidarismo é o caminho mais sensato a ser seguido, não o que o tende para a direita, falo do apartidarismo engajado nas causas sociais pautado no pensamento da esquerda, que deve seguir com suas bandeiras e senso crítico independente de quem está com as rédeas em mãos. Não defendo o extermínio de partidos e sim o poder de fiscalização, cobrança e autonomia para criticar que um apartidário pode ter.

O Partido que coloca o projeto sócio-político acima do projeto ambicioso de poder, deve ter apoio incondicional, porém, o que se nota é a crescente trincheira de defesa incondicional de ações, muitas vezes neoliberais, em favor da manutenção de um status quo viciado. O mal em adotar o partidarismo aparece a partir do momento em que o partidário não mais enxerga..