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Silas Malafaia ajudou a eleger Haddad, Fruet e Carlos Eduardo

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Até hoje não entendo o porquê de utilizar o pastor evangélico Silas Malafaia como cabo eleitoral.

O meu palpite – hipótese – parece vencer o principal crivo das eleições: a curva das pesquisas.

Os evangélicos não são um grupo monolítico. Há várias tendências e, obviamente, que o Malafaia não consegue agradar a todas elas. Penso até que é gerador de atrito entre as inúmeras linhas protestantes.

Mais. No Brasil há 22% de evangélicos, sobrando 78% de católicos, outras religiões e ateus. Acredito que, ainda que existam conservadores não evangélicos, que reprovam temas como aborto e homossexualidade, a maioria dos eleitores é contrário ao envolvimento de política com religião, pois transparece certo oportunismo.

Para finalizar a minha hipótese, me parece claro também que o eleitor está mais preocupado com resultados práticos (economia, emprego, serviços públicos de qualidade, etc) e não aprova o discurso de ataque aos gays, lésbicas, etc. No seu preconceito, o conservador não quer “gays e lésbicas perto dele”, mas não admite também perseguição.

Quanto ao aborto, quem é que, na vida prática, não se compadece com uma mulher estuprada? Ou com uma gravidez que oferece risco de vida a mãe?

No final das contas, o saldo positivo (hipótese: um pequeno grupo de pessoas vota por questões de aborto e homossexualidade) de tal estratégia homofóbica é bem inferior ao saldo negativo (hipótese: as pessoas querem resultado e a pauta moral se torna algo secundário, às vezes, perigoso de se trabalhar como plataforma de campanha, já que a diferença entre a defesa de costumes e a perseguição é bem ténue).

Quando foi que Malafaia, com suas aparições e seu discurso homofóbico, conseguiu reverter um revés de um candidato?

Em 2010, sua estadia na candidatura serrista não alterou o cenário de vitória de Dilma Roussef.

Serra pode ter apertado um pouco, retirando a golpe final do PT já no primeiro turno. Mas a alteração pode ser explicada pelo farto uso do “caso Erenice” e não pela atuação do Malafaia.

Em 2012, Malafaia atrapalhou Serra, Ratinho Jr e Hermano Morais, seus apoiados. Coincidência ou não (a correlação precisa de maiores comprovações), mas nas três eleições, depois da aparição do dito líder religioso, os candidatos “laicos” só cresceram.

É uma questão que merece mais análise. Porém, é elucidativo que o Serra, de modo articulado, tenha se distanciado do nome do Malafaia durante o segundo turno da campanha em SP.

Quem mais lucra politicamente com essa história é o próprio pastor, que surfa num suposto poder de influência que o dito cujo não demonstra na prática.