A estratégia do PT foi acertada. Escolheu o projeto, entre os dois postos, que mais se aproxima daquilo que ele defende e acredita. De um ponto de vista estratégico, o voto em Carlos Eduardo permitirá o fortalecimento da legenda e de suas lideranças já em 2014.
O voto nulo, também aventado pela militância como possibilidade e, no final, reprovado, geraria o cenário menos desejado. Na política, o calculo eleitoral tem de motivar a ação que mais se aproxima do contexto favorável no âmbito da disputa e do que se almeja atingir. Se isentar da eleição traz como possibilidade objetiva o fortalecimento da candidatura de Hermano, Rosalba e o refugo micarlista.
Mais uma vez, o PT trilhou o melhor caminho. Carlos Eduardo foi um bom prefeito e, em caso de vitória, trará maior viabilidade política para a centro-esquerda em que o Partido dos Trabalhadores exercerá papel de destaque, fazendo, em 2014, Fátima senadora, Mineiro deputado federal e até, quem sabe, dois deputados estaduais.
FORMA
Talvez não tenha sido a melhor estratégia a forma como o apoio foi declarado. O PT alegou que irá produzir o que chamou de “voto crítico” e enfatizou que vai estabelecer relação, em caso de vitória PDTista, de independência, alguns falaram até de oposição construtiva. Mineiro, nas redes sociais, declarou que irá sufragar sua escolha no “menos ruim”.
O discurso transmite titubeio. Parece que apoia a contragosto, forçado, enfraquecendo a própria força da nova coalizão estabelecida. Mais. Permite que o grupo opositor desqualifique a relação PDT – PT.
Tanto é que o PMDBista Henrique Alves, aproveitando a deixa, já questionou no twitter. Indagou o dito cujo: “o que danado é voto crítico. Parece apoio desconfiado. É sem ser”.
O PT se preocupou demais em apresentar uma satisfação para quem não queria a coligação e deu brecha para questionamentos, que poderiam ter sido evitados.
Não há demérito em apoiar Carlos Eduardo. Ele fez boa administração, gestão esta que o próprio PT ajudou a construir. Além disso, não se declara voto no menos ruim, mas naquele que, de acordo com as condições institucionalizadas, é o melhor.
INFLEXÃO
Alan Lacerda, professor de Ciência Política da UFRN, fez interessante análise. A declaração de “voto crítico” mostra um maior papel exercido por Fernando Mineiro nas discussões dentro do partido. Pela Deputada Federal Fátima Bezerra, a declaração teria tomado outro formato, alias, dado o cenário, o mais acertado.
PARTICIPAÇÃO
O PT disse que não irá participar da gestão Carlos Eduardo, que não quer cargos. Bem, penso que a menção foi desnecessária. Até um pouco moralista, uma espécie de defesa que o PMDB se vê obrigado, comumente, a fazer.
Quem ganha quer administrar, contribuir. A atividade democrática costuma se estabelecer assim. Não há nada de erro nisto.
Não condicionar o apoio a cargos, barganha de espaços é uma coisa. Dizer que não irá fazer parte da administração é outra totalmente diferente.
Em caso de vitória de Carlos Eduardo, o PT, que irá ingressar na gestão PDTista – alguém duvida? -, terá de apresentar nova declaração.