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Sobre a tentativa de aparelhamento da Carta Potiguar

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Fui acusado de ter aparelhado a carta potiguar em prol do PT. Ora, uma das maiores falácias plantadas por aqueles que querem, na verdade, eles sim, aparelhar este veículo de comunicação.

Sempre estabeleci uma relação crítica com o Partido dos Trabalhadores. Fui, inclusive, um dos críticos do modo não-democrático como Fátima Bezerra impôs o nome dela em 2008 e promoveu afastamento irregular de uma professora, através da pressão junto a um departamento da UFRN e depois a própria reitoria. A deputada federal conseguiu ceder a professora para o seu gabinete, que é de atividade partidária, por, praticamente, seis anos. Um professor da UFRN só pode ser afastado para exercer funções no executivo. Não pode ser cedido para desempenhar atividade no gabinete de um deputado, pois configura atividade partidária.

Penso, inclusive, que há dois grupos hoje no Partido dos Trabalhadores – o grupo de Fátima, hoje mais conservador; e o de Mineiro, mas democrático e consagrador das discussões partidárias.

Tanto é que Fátima atuou em 2010 para que Mineiro não se elegesse e seu grupo, que a princípio achei que iria apoiar a candidatura de Mineiro para prefeito, fez corpo mole, pois queria Carlos Eduardo. Conheço pessoas dentro do partido, da mais absoluta confiança, que presenciaram a equipe de Fátima, falando a respeito da necessidade da eleição ser resolvida no “primeiro” turno.

De que forma, estabelecendo uma crítica como essa, posso ser “vedete do PT”, como dizem na UFRN?!

O fato concreto é que apoiei a candidatura de Mineiro, pois entendia que era uma oportunidade democrática nova para a cidade. Sempre vi em Mineiro uma liderança capaz de estabelecer um diálogo com as mais variadas instâncias da sociedade, sem, necessariamente, “querer agradar a todo mundo”. Daí a minha escolha.

Vale também ressaltar que um partido não é uma congregação de santos. É possível estabelecer uma crítica e, ao mesmo tempo, institucionalizar uma interação de simpatia por entender, que ainda é a agremiação com o projeto mais democrático para a cidade, ou mesmo para o país.

A minha aproximação e relação com o PT sempre foi crítico-reflexiva. Tanto é que, mesmo com as críticas listadas  acima em relação a deputada PTista, votei nela em 2008 e 2010.

APARELHAMENTO

Ninguém do PT nunca me ligou ou me pediu apoio, ou da Carta Potiguar. Foi uma aproximação natural da minha parte, não necessariamente dos demais da Carta.

Para mim, a vitória de Mineiro significaria uma das maiores mudanças nos rumos da política do RN desde a redemocratização. Daí toda a minha empolgação.

Porém, fui sondado por diversas vezes para apoiar a candidatura de Robério. Sabendo que a Carta Potiguar é o principal veículo de esquerda da cidade, chateados pelo “não-endosso” e por eu ter declarado voto em Mineiro, a dita frente ampla de esquerda, que não é ampla nem de esquerda, começou a me estigmatizar, tentando desqualificar a minha pessoa, para deslegitimar a minha fala.

Passei a receber ligações e reclamações por emails de pessoas ligadas ao PSOL-PSTU, inclusive, com menções de que “eu iria fazer concurso no final do ano”.

Não conseguindo tirar a minha independência, os ditos cujos começaram a atiçar os membros da carta contra mim. A situação se tornou tão complicada, que cheguei a declarar a minha saída, o que foi comemorado pelos psolistas. Os membros da Carta que permaneceram, chegaram a receber “parabéns” pela minha saída.

Eu nunca fiz uma crítica pessoal contra o candidato Robério Paulino, sempre critiquei sua falta de projeto político e suas falas moralistas. Sempre critiquei a pretensão roberista de se colocar como “moralmente mais honesto e superior”, uma espécie de “escolhido”, com título de doutorado – o que ele sempre fazia questão, nos moldes de uma carteirada, de lembrar -, santificando o seu lado e satanizando os seus oponentes. Para mim, tudo isso nunca foi progressista.

Sempre defendi a institucionalização de uma arena pública de debate pautada pela ética do discurso, que se fundamenta no diálogo, me desculpe a redundância-tautologia, sobre questões públicas. Nunca entrei na vida pessoal de ninguém. Assim o fiz quando critiquei o DISCURSO de Robério.

No entanto, o grupo dele espalhou todo tipo de mentira e absurdo contra mim: que eu recebia dinheiro do PT, que meu carro tinha sido trocado pelo PT e até que eu tinha um “peixe” na UFRN. Tenho uma bolsa de doutorado e o salário de professor substituto, todos adquiridos por concurso público.

Se eu quisesse dinheiro a todo custo, teria apoiado a direita e não a esquerda.

Depois da discussão e de cabeça quente, em que as pessoas falam coisas de que depois se arrependem – falo de mim -, voltei atrás e vi toda a armação.

A Carta Potiguar não é projeto individual e é livre. Não será meia dúzia de pessoas com sonhos totalitários, que vai tirar isso.