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Giba e Maike: quando o amor transborda

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Como a um irmão, o amor fraterno que tenho a Maike fala por si. Vivemos muitas coisas nos tempos da faculdade. Foram muitos dias de muitas loucuras. Nos demos conselhos, discutimos, concordamos e divergimos, choramos e nos alegramos juntos por muitas vezes. Aprendemos muito um com o outro.

Sempre me chamou atenção a amizade pura que Maike dedicava aos seus amigos à época. Sua dedicação ao bem estar dos amigos fazia dele uma pessoa diferente, apesar de ter sido criado de forma egoísta – desculpa, amigo, mas, é verdade: você era um bicho bruto, que teve de aprender a ser altruísta; isso você deve às relações humanas! Lembro-me do entusiasmo e amor com o qual ele falava de Giba, seu amigo cão. No começo eu achava um amor exagerado. Porém, logo percebi que se tratava de um amor de gratidão.

Giba não era nem só um cão, nem era só um amigo: era um amigo cão, um cão amigo. Lembro-me do sofrimento pelo qual Maike padeceu com a morte de Giba. Fomos solidários e, inclusive, bebemos com Maike em demonstração de respeito e em consideração ao luto.

Talvez, para maioria de nós – e até para mim, confesso –, aquele luto aparentava certo exagero ou algo desproporcional, afinal, um cão é um cão, pensava eu, no auge de minha insensibilidade.

Com o passar do tempo, cada vez convivendo mais e mais com Maike, entendi que Giba era um amigo especial. Entendi que Maik aprendeu a amar com Giba. Eles só tinham um ao outro no interior do Estado, cujos poucos amigos humanos que tinha mal o compreendia. Além de manter a sanidade, Giba ajudou Maik a sobreviver a solidão pela qual passara.

Os anos da faculdade passaram e, quase que naturalmente, eu e Maik nos afastamos. Por alguma razão, pensei que não mais nos veríamos nessa vida. Tentei entender que foi um tempo bom e que passou. Todavia, há pouco tempo nós voltamos a nos conectar. Sempre que podemos conversamos um pouco sobre as coisas da vida.

Os trovadores medievais, para declarar amor aos amigos e aos amantes, fingiam fazer músicas românticas para mulheres. Bem, eu não preciso fingir. Este texto é uma forma carinhosa de agradecer e louvar a amizade desse querido irmão.

Descobri que nossa amizade era sincera desde que percebi que não nos julgávamos. Hoje percebo que ainda iremos nos encontrar novamente.

Tenho outros bons amigos e amigas com outras maravilhosas experiências. Todos eles merecem minha homenagem em vida. Aliás, a alguns dediquei poemas, a outros dediquei crônicas, a mais outros dediquei artigos e a outro tanto dedicarei livros.

Agradecer a quem ama, é dizer sim à vida e disseminar o que temos de melhor. Por isso, querido amigo Maik, agradeço-lhe por me deixar fazer parte de seu ciclo de amizade. Nunca me senti um intruso em sua relação com os demais humanos ou com Giba, pois, seu amor transbordou.