Por Vantiê Clínio Carvalho de Oliveira.
Como era de se esperar: o Sindicato dos Trabalhadores em Educação – SINTE – usou a desculpa da pandemia para engabelar a categoria, desgastando o moral coletivo (já abalado pelo isolamento) com a velha tática de “empurrar com a barriga” e, no fim, avalizar a proposta desdenhosa – rejeitada em assembléia pela categoria, antes do isolamento social – do governo de sua “companheira” de partido (o PT), de fazer um parcelamento “a perder de vista” para implementar o reajuste do piso e realizar o pagamento de direitos salariais em atraso (lembremos que, com as categoria do judiciário e legislativo, mesmo alegando estar “em crise”, o governo foi altamente “generoso”), sem a menor cerimônia, e ainda com o requinte de ironia de elogiar o desplante da proposta do parcelamento a perder de vista, desviando a atenção para a ninharia de que “é a primeira vez na história do piso que aposentados e pensionistas vão receber na mesma data” (sic).
Pra arrematar, ainda se utiliza a “tragédia” da pandemia para paralisar possíveis movimentos de divergência internos da categoria, sob a virtual ameaça no horizonte de que o arbítrio poderá se “naturalizar”, caso “aconteça algo como a pandemia, que nos obrigue a tomar medidas como a que tomamos” (ou seja, decisões unilaterais, sem o consentimento da classe). Ora, é sabido por toda/os que têm um pouco mais de informações – além das veiculadas pelas mídias oficiais – que já é certo que haverá novas ondas pandêmicas muito em breve: então, para boa/ns entendedora/es, o que está sugerido aí é que daqui para frente, sob a capa de “legalidade” (afinal, “usou-se o estatuto para negociar”, pois “o sindicato é democrático”), os procedimentos de exceção serão recorrentes – como de resto tem sido a tendência generalizada de todas as instituições e organizações (macro e micro políticas) ditas “representativas”, ao redor de todo o globo..
E não faltou nem a tradicional “cereja do bolo” das velhas táticas de manipulação de rebanhos, adotadas pelos partidos e sindicatos: a tática de deixar para o início de um final de semana, a Sexta Feira, dia 08 de Maio (e ainda véspera de um “dia de festa”, o Dia das Mães – a presidente do sindicato até grafou a data errada no comunicado que fez em seu perfil do Facebook, como se tivesse sido um mês antes: “ato falho”?) a realização do desfecho de uma situação que poderia ocasionar reações e repercussões indesejadas para a/os dirigentes pois, assim, se reduz bastante a possibilidade da ocorrência de mobilizações em contrário, visto a tendência à dispersão geral gerada pelo hábito social do relaxamento nos fds.
“Inviabilidade para se realizar assembléias da categoria durante o isolamento”, diriam?! Perfídia!! Ora, é do conhecimento público de que, além do fato das próprias negociações da direção do sindicato com o governo, durante este período, terem sido realizadas por vídeo conferências – o que demonstra que, obviamente, o sindicato detém o domínio de equipamentos e know how suficientes para realizar “meetings” virtuais -, o fator “número de pessoas” envolvidas em uma possível assembléia virtual da categoria não seria nenhum impedimento para a realização de um evento desta natureza pois, como é do conhecimento de qualquer um/a que esteja minimamente atenta/o e interessada/o no mundo da tecnologia informacional, atualmente existem – e são cada vez mais populares, inclusive devido ao isolamento social – vários programas e aplicativos que permitem a realização de encontros virtuais de grupos com altos números de participantes. Ou será que a direção do sindicato não assiste às, cada vez mais famosas, “lives” de astros do show business..?
Restaria ainda questionar por que o sindicato manteve sob suspense e obscuridade a questão do “status” formal da greve..(?) Restaria..?