Acredito nos protestos de rua porque acredito na necessidade do encontro. Ao contrário da reunião, que visa a unidade, o encontro aceita as diferenças. A própria palavra en-contrar ( do latim in / contrare) dá a ideia da convivência de contrários em um mesmo lugar. A rua é a rede social do encontro, aglutina os contrários, enquanto as redes digitais tendem a reunir iguais. Ao contrário das bolhas virtuais a rua é um espaço público, não é possível bloquear alguém na rua, no máximo ignorar, além disso, o anonimato se torna mais difícil. Nas ruas as máscaras são menos evidentes e os discursos tendem a ser mais amenos, se nas redes sociais o debate está insalubre, pela polarização das bolhas, nas ruas, com alguma paciência, ainda é possível argumentar.
Diante disso, espero que nesse dia 14 de junho as ruas possam servir de encontro para aqueles que defendem a pauta da educação, mas que o encontro não seja reduzido a uma reunião. Há pautas paralelas que podem reunir alguns, mas elas não podem ser confundidas com as pautas do encontro, que reúnem a todos.
Para que haja encontro, para que ele seja contraproducente, deve-se haver a aceitação dos contrários, deve-se permitir o direito ao contraditório. O direito de contrariar qualquer pauta secundária sem que isso acarrete um afastamento do ato deve ser garantido.
Espero que entre aqueles que convocam o ato e aqueles que participam dele haja um contrato em torno da necessidade em se fazer algo diante do descaso com a educação, não uma oportunidade para unificar seus participantes em torno de outras causas.
Mais encontros, menos reuniões