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Faltarão chocolates para medir a força das ruas

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O governo de Jair Bolsonaro cava, dia após dia, a sua própria cova. Resta agora dar-lhe o empurrão de que necessita para que, de uma vez por todas, Bolsonaro e seus asseclas ocupem seus devidos lugares, de onde nunca deveriam ter saído. Conforme escrevi no texto “Pós-28 de outubro: um convite à reflexão e à resistência” publicado no jornal Sul21, não demoraria muito para que o governo eleito se perdesse em suas próprias contradições e alguns dos setores da classe trabalhadora que o apoiaram percebessem que foram traídos pelas ilusões vendidas durante a campanha eleitoral. Como já sabíamos, o tão aclamado “fim da corrupção” não ocorreu, conforme prometido. Pelo contrário, casos de corrupção como aquele envolvendo Flávio Bolsonaro e o tal Queiroz escancaram as reais intenções da família Bolsonaro ao ocupar a máquina pública.

Além disso, as propostas apresentadas pelo governo, sobretudo o autointitulado pacote anticrime encabeçado pelo ministro da Justiça Sérgio Moro e a contrarreforma da previdência de Paulo Guedes, evidenciam o que há de mais sofisticado para que se operacionalize a todo vapor o genocídio da população pobre, preta e periférica, seja através dos disparos de projéteis contra seus corpos ou do sequestro do tempo de vida dos(as) trabalhadores(as) a partir de mecanismos de superexploração e de um sistema previdenciário que nega o próprio direito à aposentadoria ao estipular um prazo de contribuição e um limite etário mínimo completamente desconexos da realidade social brasileira.

Associado a isso, os recentes cortes no orçamento da Educação demonstraram até mesmo aos mais distraídos a que(m) serve o desgoverno de Jair Bolsonaro, de modo que vários de seus eleitores seguem expondo sua insatisfação nas redes sociais – o que serve para dar vazão, por exemplo, ao meme bolsominions arrependidos. De acordo com o levantamento realizado pela XP/Ipespe e divulgado na última sexta-feira (10/05), Bolsonaro possui 31% de desaprovação, o que o coloca como o presidente em início de primeiro mandato com a maior taxa de desaprovação da história da democracia brasileira. Ora, os primeiros meses de governo já indicaram para parcela substancial da população que não há qualquer sinal de que o projeto Bolsonaro possa representar algo de propositivo para a classe trabalhadora, senão sua própria desgraça.

No campo dos seus defensores ferrenhos, restam agora grupos isolados de delirantes – com todo perdão aos bons delirantes – e armamentistas que acham que esse governo possa ter alguma serventia, aqueles com quem minha paciência e capacidade didática é testada a todo tempo, pois não possuem uma base civilizatória mínima para se estabelecer algum tipo de diálogo. A direita brasileira, de fato, carece de pessoas que levantem debates qualificados, e não ex-atores da indústria pornográfica que, depois de velhos e arrependidos, reivindicam para si o ofício de fiscal de cus, ou ainda os que acham que armas são o antídoto para disfunção erétil.

Contra os ataques aos nossos direitos e o avanço ultraliberal, que no próximo dia 15 tomemos as ruas e saibamos utilizar a democracia para exercer nossa imaginação. A imaginação, com uma boa dose de consciência de classe, se fará a arma necessária para que possamos redescobrir formas de lutar além dos desfiles alegóricos tradicionais que tomaram conta das manifestações políticas no Brasil nos últimos anos. Avante, a saída é pelas ruas!