Por Mary Regina
Na Revista JusDigital li um artigo escrito por Léo Rosa há 04 anos atrás que me chamou muita atenção e gostaria de compartilhar com vocês. No esclarecedor texto mostra uma realidade que poucos têm a coragem de abordar. Por medo de serem considerados apoiadores de causas ativistas ao uso de drogas, só que; numa visão completamente errônea .
O título me chamou atenção pela forma direta de transmitir tudo: “Drogas não é questão policial”. Em seu texto, ele faz algumas pontuações importantes como por exemplo a história do comércio e a influência militar no período da guerra. Pois o consumo de álcool, tabaco e tantas outras drogas era frequente entre os soldados no campo de batalha. É possível percebermos elas eram usadas e permitidas para consumo natural com forma de manter os soldados que estavam expostos em condições indignas, muitas vezes doentes com órgãos amputados, psicologicamente abalados. Mas precisavam do consumo de drogas para se sentirem felizes e a hierarquia ser garantida. Evitando assim deserção.
Mostra que nossa Polícia é um reflexo da interferência direta das forças armadas sobre ela. Mostra que temos um sistema de segurança pública falho, ultrapassado e com baixíssimo investimento em inteligência, quando deveria ser o contrário. Mostra que a violência policial principalmente nas favelas e bairros de baixa renda gera um desenfreado consumo de armas. Denuncia os discursos de pacificação, quando na verdade estão entrando nessas comunidades discriminadamente sob a bandeira do combate às drogas, pois a sociedade precisa ser sempre mantida sob a ótica de que “as drogas são o grande mal da sociedade”.
É como contar uma história de um suicídio anunciado, gritado, mas não percebido, nem ouvido.
Mas existe a polícia que nós criamos pra reprimir e manter essas pessoas que, na visão errônea da sociedade, devem ser marginalizados e trancafiados em porões criados por nós mesmos SOCIEDADE. Mesmo depois de errarmos com nossa formação, não nos dando escola, saúde, emprego, nem oportunidades. Nos afastando deles por serem “pobres e analfabetos” mandamos sentencia-los a própria sorte.
É perturbador se ver sendo parte integrante do principal sistema que hoje ainda reproduz tudo isso: a polícia militar. Me vejo como Policial Militar Antifascista, militante dos Direitos Humanos, lésbica, de religião de matriz africana. Também me posiciono quanto a política antiprobicionista reconhecendo a opinião do professor Léo Rosa acrescentando minhas considerações. Reafirmando que drogas é uma questão de saúde pública, assim como o álcool e o tabagismo. Precisamos criar um debate que inicia na desigualdade social e termina no sistema penitenciário. Pretendo abordar em artigos futuros individualmente como cada situação é responsável por esse caos social e político que encontramos É como contar uma história de um suicídio anunciado, gritado, mais não percebido nem ouvido.
Mary Regina dos Santos Costa é Policial Militar Antifascista, 2° Sgt RR e ex vereadora de Natal