Temer é hostilizado ao visitar local do desabamento em SP
O presidente Michel Temer visitou o local do desabamento do prédio de 24 andares no Centro de São Paulo na manhã desta terça-feira. Sob protestos, ele teve que ir embora rapidamente após falar por pouco mais de 1 minuto com repórteres.
“O prédio era da União e nós lamentavelmente não pudemos naturalmente […] pedir a reintegração porque, afinal, é gente muito pobre, naturalmente, é uma situação um pouco difícil, né”, disse Temer.
Temer foi prestar solidariedade no local do incêndio e foi EXPULSO pela multidão. Ele saiu do local sob protestos de populares que gritavam “sai fora golpista”. Na ocasião o carro da comitiva avançou sobre uma jornalista que gritou desesperadamente para não ser esmagada entre o carro, que o presidente entrou, e o veículo detrás onde estava o resto da comitiva. Para se evadir do local e entrar no veículo com sirene luminosa TEMER é protegido por um escudo. Logo em seguida o carro sai cantando pneus e é ATINGIDO por CHUTES, CONES E SAPATOS de POPULARES que estavam PRÓXIMOS ao PRÉDIO INCENDIADO.
https://www.youtube.com/watch?v=tdNMenSNpqI (Vídeo com o registro do ocorrido).
Realmente é “um pouco” difícil a vida dessa gente pobre! Nesses tempos de crise institucional a linha tênue entre o sarcasmo e o deboche é muito fina. A revolta contra o Presidente da Republica que quase foi linchado neste 1º de maio (dia internacional do trabalhador) contrasta com a imagem recente do ex-presidente Lula que foi conduzido à prisão aos braços por centenas de apoiadores, que veem sua condenação como inaceitável.
Estes acreditam que o judiciário foi parcial, pois o processo estaria eivado de controvérsias, quanto à validade das provas de condenação. Por falta de documentos que comprovem a posse do apartamento, atribuído a Lula, pois este não possui a escritura do imóvel, que pertence de direito a construtora OAS, a qual realizou reforma no mesmo no valor de R$ 2,2 milhões, que segundo o Juiz Sérgio Moro foi uma forma de pagar propina a Lula. Apesar dessa condenação, que o levou a prisão, ele ainda figura em primeiro lugar em todas as pesquisas com cenários eleitorais para presidente em 2018.
Enquanto o processo de Lula é cercado de dúvidas, se acumulam certeza pela própria Polícia Federal e Procuradoria Geral da República de que Michel Temer esteve e está envolvido em esquemas fraudulentos, operado através da ocultação de bens, inclusive envolvendo laranjas, como seu filho de 9 anos e sua filha, já adulta, que prestará depoimento a Polícia Federal próxima quinta-feira 3 de maio de 2018.
Temer teve conversas gravadas pelo empresário Joesley Batista (JBS-Friboi) no ano passado, no qual acertou o pagamento de propina, para provavelmente aliviar as consequências da Operação Carne Fraca que flagrou a distribuição de proteína animal com acréscimo de papelão além de produtos químicos, que desfasavam a falta de qualidade dos produtos. Nesse cenário o Brasil um dos principais exportadores de proteína animal do mundo, sofre hoje com embargos sanitários dos maiores mercados consumidores do mundo (EUA, Europa, Russia e China) que deixaram de importar carnes, bovina ou de frango do Brasil.
No dia seguinte a essa conversa no qual o presidente faz referência ao seu assessor Rodrigo Rocha Loures, o mesmo é preso após ser filmado carregando uma mala com R$ 500 mil em propina paga por semana pela JBS-Friboi aos integrantes do esquema que inclui o atual presidente da República.
A referência a Rocha Loures nessa conversa entre Temer e Joesley é devido ao outro assessor de Temer, Geddel Vieira ter sido preso à época, por ter recebido R$ 20 milhões em comissões quando era da vice-presidência de pessoas jurídicas da Caixa Econômica Federal. Após sua prisão foi encontrado R$ 51 milhões em apartamento usado por ele, e então na sua ausência o Rocha Loures entra no esquema para substituir Geddel, segundo definições do próprio Michel Temer, por ser de sua mais estrita confiança, informa Temer a Joesley.
Detalhe Rocha Loures também já foi preso bem como um Ministro Henrique Eduardo Alves, o Ministro da Agricultura Wagner Rossi, o empresário Antônio Celso Grecco dono da Rodrimar (Caso porto de Santos) e mais dois assessores especiais da Presidência, Tadeu Filippelli e Sandro Mabel, além de amigos bem próximos de Temer como José Yunes e o Coronel João Baptista Lima também envolvidos diretamente a esquemas fraudulentos com Michel Temer. E por fim ainda consta o envolvimento dos Ministros Eliseu Padilha Ministro da Casa Civil, Moreira Franco, Ministro de Minas e Energia e Romero Jucá Líder do governo no Senado, todos com foro privilegiado mas implicados nas investigações do esquema de corrupção que envolve o presidente.
A má reputação moral, ética e criminal de Michel Temer o torna um presidente tóxico. Ninguém o quer por perto, mas essa é apenas uma parte da explicação da repulsa e revolta geral contra o presidente, que além desses aspectos pessoais desviantes e delinquentes, ele faz uma condução desastrosa da política nacional.
A acentuação do modelo neoliberal do Governo Temer, com austeridade econômica impõe a redução e controle de gastos de programas de assistência social, ao por de lado as conquistas civilizatórias do Estado de Bem Estar que tinha como modelo as políticas universalizantes, como o pleno emprego com carreiras profissionais com estabilidade, habitação, educação, saúde e previdência, que foram gradualmente deixados de lado pela imposição da formula neoliberal que se tornou hegemônica a partir da década de 1990 (Período do governo FHC-PSDB) apesar da retomada de alguns aspetos do Estado de Bem Estar promovido pelo Governo seguinte do PT, mesmo que também tenha mantido algumas características neoliberais.
O neoliberalismo radical de Michel Temer considera o modelo de economia planificada do Welfare State um modelo teoricamente impossível, essa ideia foi defendida fortemente por Friedrich Hayek, e imposta por esse governo no qual persistentes elevadas taxas de desemprego somadas a retirada de direitos, sobretudo focadas nos direitos da classe trabalhadora, como diminuição de benefício do seguro desemprego, que substituiu as regras de estabilidade do Estado de Bem Esta, e a redução de horário de almoço de 2 horas para 30mim, ampliando assim a mais- valia ao aumentar a exploração do trabalho mantendo os mesmo salários, o que na prática reduz o valor dos rendimentos da hora trabalhada e aumenta a renda dos patrões.
O governo do PT, juntamente com o PMDB com a figura do VICE-MICHEL, a época de 2014 em diante impunha um modelo neoliberal bem mais moderado, enquanto que o atual governo tem uma tendência fundamentalista de um neoliberalismo radical com aspectos bastante conservadores e autoritários. Impõe um desemprego em massa além de uma condução da política nacional com consequências deletérias, ao deixar de lado as políticas de inspiração republicana pautada na Justiça Social mesmo em uma Economia inserida no Sistema Social Capitalista.
Esses são apenas alguns pontos que também podem explicar a indignação dos populares que nesse 1º de maio foram para cima do presidente que tem cada vez mais provas que comprovam sua corrupção apesar de continuar solto e na condução do país, enquanto que Lula está preso devido a um julgamento cheio de contradições além de ser o preferido do povo para retomar a condução política da Nação. Então é compreensível que os populares que perderam seu abrigo no incêndio tenham tanta razão em agir como agiram contra o famigerado Temer.
Por Tiago Souto.