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DE FANZINAGENS E FESTIVAIS

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 Por Cellina Muniz*

Para além dos festivais de egos e de politicagens que se fazem das mesmas e velhas camaradagens, a literatura acontece. E sempre se renova.

Nos últimos dias, encontrei uma moçada que insiste e resiste no campo literário, ainda que muitos não deem por sua presença. Dentre outros, gente como Ana Mendes, Ayrton Alves, Victor H Azevedo, Raul, Giovanni, Adaécio, Barboá e a minha própria pessoinha estávamos por lá na praça Augusto Severo fanzinando, expondo, trocando e vendendo seus escritos em forma de zines e outras formas de artesania por meio das quais se possa pulsar a poesia que corre nas veias.

De autores a editores, são nomes que não recebem cachês, mas estão escrevendo. E para dar materialidade a seus escritos, com suas Bics, máquinas de escrever ou computadores domésticos, mobilizam lanhouses, pequenas gráficas e dão vida à cena literária, ainda que sem nenhum reconhecimento.

Calma, sem nenhum reconhecimento é exagero (ai, que preguiça dessas generalizações…). O querido Tácito Costa, do Substantivo Plural, é um editor que já concedeu bastante espaço para a discussão sobre outras linhas de fuga da literatura local. Mas penso que, numa cidade que viu brotar justamente dessas autorias-editorias artesanais nomes como João da Rua, Jóis Alberto, João Gualberto etc. e tal, acho estranho que não se dê mais visibilidade ao que está acontecendo nas margens do campo discursivo da literatura.

Uma chance de remediar isso acontece agora por ocasião da 8ª edição do FlipAut!, o Festival Literário Alternativo da Praia da Pipa, que acontece dos dias 7 a 10 de dezembro. Em um dos papos que acontecerão (são três por cada noite), Victor H Azevedo e Raul vão falar sobre essas rotas alternativas que estão para além dos livros (em Natal tem muito editor de livros, embora todos façam seus livros com um único e mesmo nome…).

Articulado e engendrado pelo subcomandante Jack D´Emilia, um romano que adotou o Brasil já há algum tempo (reza o ditado que santo da casa não faz milagre…), o festival, feito no peito e na garra por um esforço coletivo de quem pratica a lógica do “faça você mesmo”, possibilita bons encontros e conversas para quem realmente ama ler e escrever, dos livros aos pedaços (aparentemente ordinários) de papel.

E ainda tem aquele banho de mar.

Fica a dica!

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*Cellina Muniz é professora do Departamento de Letras da UFRN e escritora. Publicou, dentre outros, “O livro de Contos de Alice N.”, “Na tal Cidade do Humor” (2013), “Uns contos ordinários” (2014)” e “Notícias da Jerimunlândia” (2016).