Parábola Divina
Tinha-o entre os dentes.
E cada vez que lhe arrancava um naco,
Preocupada demais
Em não mostrar
A gengiva vermelha
Ou os Lábios
Que a contornava
Apontava para as migalhas
Que caiam de sua boca
Bem a sua frente
Algo mais que a fome
Também sugeria força
Seriam de seus dentes?
A mecânica dos músculos contraídos
Ao mastiga-lo?
Ou a saliva da língua?
E foi que então,
Ela,
Com o sanduíche a boca
Ele,
Numa espécie de êxtase santo,
Ao observá-la, pensou:
Este é meu corpo.