Gritos de “Fora Doria” e “Não me representa” ecoaram pelos corredores do Shopping Midway Mall, na manhã desta quarta-feira (16). Manifestantes e movimentos sociais se reuniram em frente ao Teatro Riachuelo para protestar contra o título de Cidadão Natalense concedido ao atual prefeito de São Paulo, João Doria (PSDB), pela CMN. Sem ter nenhuma ligação com Natal, ou realizado grandes feitos, Doria que é conhecido como “Prefake”, recebeu a honraria das mãos do vereador Ney Lopes Jr (PSD), atual presidente da Câmara.
De acordo com um release enviado pela assessoria da Câmara Municipal de Natal, Doria “tem história com a capital potiguar quando ocupou a presidência da Embratur” no período de 1986 a 1988. Mas esqueceram de mencionar que o interesse de Doria em transformar a seca em atração turística. Outras peripécias do chefe do executivo de São Paulo não constam no release, como a demolição de um prédio na Cracolândia com pessoas ainda dentro, jato d’água contra população de rua e a mais recente corte na merenda escolar. Será que Natal quer esse cidadão?
Conhecido pelo agressivo trabalho de marketing, o prefeito de São Paulo foi recebido com ovos em Salvador e teve seu título negado em Teresina. Em Natal, a cerimônia ganhou ares sombrios e “plastificados” ao ser realizada em um teatro privado, longe da população e não no Palácio Padre Miguelinho, sede da Câmara Municipal, a “Casa do Povo”. Mas, onde estava o povo? Fora, protestando contra a solenidade. O episódio é mais uma prova de como os representantes políticos estão distantes daqueles que os elegeram.
Vale lembrar, que a proposição de tal título a Doria foi ideia do vereador Raniere Barbosa (PDT), que está afastado da Câmara, acusado de envolvimento em desvios de recursos públicos da SEMSUR. Algo em torno de R$ 22 milhões.
O título de cidadão concebido à portas fechadas, longe do povo que legitimaria tal honra, expõe as negociatas sujas que acontecem nos bastidores da política. Dória é forte candidato a presidência da república e veste o discurso anti-esquerda e anti-Lula. Se vende como o “não político”, e esquecer São Paulo para sair em caravana pelo Brasil em plena pré-campanha, poderia escancarar ainda mais o verdadeiro projeto neo-liberal de poder do PSDB.
