— Meu lombo sarou – comenta o amigo.
— Ainda dói minha alma, dói minha vista ampliada pela falta de viseiras – responde o outro.
— Mas que absurdo, sem chicote ou arreio como vamos seguir?
— Diziam que seríamos felizes, sem os cavaleiros, sem as carroças, mas que despautério, ser feliz sem um peso nas costas? Que andar moribundo, sem um serviço, uma carga, uma meta. Condenados a guiar nossos passos, mas que escravidão, preso em escolhas, essa vida errante é horror e miséria. E essa alma tão leve? Me botem uma carga, apontem a direção, que minha alma pesada é mais doce e feliz.
— Assino tudo que diz, vamos às ruas, hão de nos ouvir, nosso grito ecoará e em todos os rincões da cidade uma só frase se ouvirá: volta chicote!