Conhecida por ser um dos melhores lugares do mundo para a prática de voo livre, Patu tem se destacado nas altas estatísticas de práticas delituosas com cunho violento. Motivo de orgulho e de identidade, os moradores da cidade do médio oeste potiguar vêem os ventos fortes de junho a setembro darem lugar a tempos difíceis, que retiram a calmaria e trazem dias nebulosos. Chamo a atenção para um problema que não “nasceu” da noite para o dia ou que está acontecendo porque é o fim dos tempos, como alguns querem acreditar.
Uma cidade que não se mostra capaz de captar a sua população para o mercado de trabalho, onde os jovens vivem na ociosidade, o esporte e o lazer é relegado a segundo plano, qual a perspectiva de vida para essas pessoas? Qual o sentimento de uma comunidade que só vê a presença do Estado quando o carro da polícia passa para dá baculejo nos jovens? Sem saneamento, sem calçamento, sem projetos de profissionalização ou iniciativas que garantam empregos. O que esperar de uma cidade que só cresce o número de habitantes e as notícias de homicídios ou de furto e roubo?
Então, qual caráter terá um indivíduo que não tem condições dignas de vida? Que a única materialidade que chega são as drogas…Quantos empregos foram gerados nos últimos 20 anos em nossa cidade? Pensemos, qual a necessidade de cada vez mais pessoas saírem da cidade em busca de um emprego com um salário ou carteira assinada para manter suas necessidades básicas?
Estou dizendo que por ineficiência, incompetência e má vontade política, da classe em geral, vivemos fadados a tragédias, porque uma cidade que só cresce em número de habitantes e não abre uma porte de emprego, não tem como ser uma cidade pacata. De acordo com a especialista em Ciência Penais, a advogada Karla Sampaio, não é demais salientar que são fatores de natureza econômica, como a falta de oportunidades e a desigualdade social, a mola propulsora para o comportamento criminoso, em especial o violento.
É indecente pedir paz para quem vê políticos se montando em fortunas às custas da miséria do povo, enquanto lança-se com naturalidade campanhas para arrecadar insumos básicos para a saúde. Opostamente a Patu, cito o exemplo de São José do Seridó, que segundo o último censo do IBGE conta com 4.231 habitantes, e hoje gera cerca de 600 empregos diretos e conta com 17 fábricas de indústria têxtil, ainda em 2015 foi eleita a 4ª melhor cidade para se viver no RN.
Já aqui…ah, aqui os jovens não fazem escolhas, eles não tem o privilégio de escolher se quer trilhar este ou aquele caminho, e é sobre isso que estou falando, vivemos condicionados a uma realidade, realidade dura que nos desumaniza e transforma pessoas em estatísticas.
[Peço licença, aos leitores para fazer essa ressalva]
Que os oportunistas de plantão não tomem como sendo um post de oposição. É sobre política, tão somente. É sobre políticas públicas, é sobre justiça social, é sobre crescimento populacional atrelado a desenvolvimento socioeconômico.
Antonio Alves de Oliveira Neto
Historiador e estudante do curso de Letras/Português (UFERSA)
Militante do Partido Socialismo e Liberdade (PSOL)