Brasileiro tem memória curta. Será? Na dúvida, a gente faz questão de relembrar ao leitor, com a urgência que o momento pede, de que há muito machismo sim em nossa política, seja em Brasília, seja na Câmara Municipal de Natal, seja na Governadoria do Estado do Rio Grande do Norte.
A presidenta reeleita com 54 milhões de votos nas eleições de 2014, provou o gosto do machismo, e de toda crueldade recorrente de tal prática, desde o primeiro dia do seu mandato, lá em 2011. Quem não lembra dos famigerados adesivos colocados na abertura dos tanques dos carros, onde ela era apresentada de pernas abertas? Quem não lembra do coro vergonhoso, entoado por nossa elite que desconhece o significado da palavra respeito – pra ficar na análise mais superficial de todas – durante a cerimônia de abertura da Copa do Mundo, em 2014?
A realidade da Câmara Municipal de Natal não difere em nada do que ocorre em Brasília. No último mês, um vereador da Casa declarou em alto e bom som que a CMN era “lugar de homem!”. O mesmo cidadão, representante do povo, ordenou que a vereadora Natália Bonavides ficasse calada. O agravante é que ele é professor. Pois é, sempre dá pra piorar.
A manifestação mais recente de machismo contra uma mulher ocupante de cargo político em nossas paragens, ocorreu contra a Secretária-Chefe do Gabinete Civil do Estado, Tatiana Mendes Cunha. Na última sexta-feira (21), um perfil de notícias pra lá de duvidoso postou em suas redes sociais um post absolutamente ofensivo, a chamando de “câncer que vem corroendo o governo”. Nos comentários, os palavrões mais depreciativos possíveis que a atacavam como mulher e não pelo cargo ou trabalho.
Os exemplos são infinitos. Mulheres inteligentes, combativas e determinadas são diariamente alvo do machismo, o velado e o escancarado, seja na política, seja em seus mais variados postos de trabalho. A reflexão e o combate a tais práticas é diário, e o processo de desconstrução das mesmas também.