Quais mandatos que não tiveram êxitos nas eleições 2016 mas que poderiam fazer a diferença na Câmara Municipal de Natal?
Por Leonardo Dantas (Jornalista)
As eleições para vereadores de Natal trouxeram uma Câmara com um pouco mais de 50% de renovação em relação a atual legislatura. Foram eleitos 15 novos nomes, alguns não tão novos assim, e 14 legisladores não conseguiram manter seus mandatos.
Muitas dessas “novidades” possuem por trás a sombra de políticos tradicionais e, em alguns casos, de vereadores com pendências judiciais. Como é o caso de Aquino Neto (PEN), que elegeu seu irmão Preto Aquino (PEN), e Júlio Protásio (PDT) que elegeu a esposa Ana Paula (PSDC).
O Deputado Estadual Albert Dickson (PROS) lançou a candidatura de Carla Dickson da sua esposa, do mesmo partido. Enquanto o Deputado Federal Antônio Jácome (PTN) perpetua seu sobrenome nas três esferas legislativas com a eleição de seu sobrinho Eriko Jácome (PTN).
O cenário nada animador nos leva a perguntar: Quais nomes farão falta na próxima legislatura? Selecionamos 5 candidaturas que não obtiveram êxito, mas que seriam de extrema importância no avanço de pautas mais populares, progressistas e no compromisso com as lutas sociais da cidade na Câmara Municipal de Natal.
1 – Amanda Gurgel (MAIS)
“As eleições burguesas não são o nosso campo de atuação”. A frase foi dita por Amanda Gurgel em seu discurso pós-resultado das eleições, ao lembrar que, enquanto ela obteve 8.002 votos, conquistando o segundo lugar entre os mais votados, o último vereador a entrar na Câmara atingiu a marca de 1.829 votos. Apesar da votação expressiva, Amanda não alcançou o quociente eleitoral ficando atrás inclusive de candidatos com 0 votos. Voz ativa na CMN, a vereadora divulgou em nota através da sua assessoria que mesmo sem mandato continuará sendo uma representante dos trabalhadores e da juventude.
2 – Divaneide (PT)
Mulher, feminista, negra, socióloga e periférica, Divaneide é referência nacional no debate sobre juventude. Entre as suas propostas estavam políticas públicas de enfretamento ao feminicídio, racismo, extermínio da juventude negra e a LGBTfobia. “O nosso compromisso com a cidade não começa nem termina numa eleição”, disse em nota. Em Natal, das 176 candidatas a vereadoras, apenas 19 são autodeclaradas pretas, algo em torno de 10%. A eleição de Divaneide seria um marco na representatividade das mulheres negras na política institucional de Natal.
3 – Aretha Melo (PSOL)
Com apenas 24 anos, Aretha Melo lançou-se candidata a vereadora de Natal com uma bandeira assumidamente LGBT. Em seu jingle com a mensagem “tire o seu voto do armário”, ela ressaltava a necessidade urgente de organização desse segmento em resposta à conjuntura de retrocessos nas instituições políticas do Brasil. A candidatura de Aretha questionava a representatividade da diversidade na Câmara Municipal de Natal. “Passam as eleições, mas a construção de um novo projeto de cidade, de país, de mundo, não acaba”, disse em sua rede social.
4 – George Câmara (PCdoB)
Fora do legislativo por também não ter atingido o quociente eleitoral, George Câmara conquistou 2.066 votos, cerca de 0,55%. No seu terceiro mandato como vereador, George tem pós-graduação em Gestão de Políticas Públicas e iniciou sua vida política no Sindicato dos Petroleiros. Foi responsável pela criação do parlamento comum entre os seis municípios da região metropolitana de Natal em 2001, quando foi eleito pela primeira vez. Em nota, George afirma que apesar da não renovação do mandato se considera vitorioso pelos votos concedidos à sua candidatura.
5 – Ary Gomes (PDT)
De líder de bairro a uma cadeira na Câmara Municipal de Natal, Ary já soma mais de 40 anos de vida pública. Seu nome é conhecido nos bairros de Nova Descoberta, Potilândia, Morro Branco e Lagoa Nova. Nas eleições deste ano conseguiu a marca de 3.488 votos, porém a alta concorrência da sua coligação PDT, PMDB, PR, PROS, DEM impediu sua reeleição. Ary Gomes é reconhecido pela valorização da cultura e a atuação direta com os moradores da região. Criou projetos como o Ônibus Comunitário, Lan House Comunitária, Tarde na Praça e o Plantão Comunitário. Em um documentário sobre sua vida Ary enfatiza: “Eu não faço assistencialismo, realizamos um trabalho de assistência social para todo o bairro”.
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