A gente se come de vaidade
Nesses olhares vagos trocados
E a vida vai vindo e vem indo
Empurrada com a barriga vazia de você
A gente se beija dois beijinhos
E o rabo do olho reparando
Cada passo meu e seu
O rabo do seu procura meu rastro
O rabo do meu, de canto
Só quer enxergar por quem você perde a voz
A gente se acha aonde está
Não importa: a 10,
A 100 metros
Há quilômetros que separam
Os dois passos de distância
A gente se sabe sem saber
Fica o meio termo do quase fim
Da raiva desejo
Paixão egoísta, tudo cheio de medo
A gente se possível fosse
Seria carinho nas cicatrizes
Mas você preferiu cicatrizar todo carinho
“A gente” talvez seja eu só
Só eu
E mais um delírio leviano
Dessa cabeça perturbada
Viciada na cor do seu lábio contra o meu.