Eu desaprendi a escrever.
Escritor também erra na mão. As palavras e os temas, quando muito cozinhados, perdem o ponto de frescura. Sentimento cozinhado também apodrece, mas isso é coisa pra outra crônica.
Eu desaprendi a escrever e não há assunto em canto nenhum, não tem novidade nos museus que vi em BH, não sei se tem piada nos dias que passei trabalhando desesperadamente num set de filmagem, talvez também seja clichê escrever sobre esses dias que durmo e durmo e durmo e durmo e – no fim da noite – como uma lasanha 4 queijos pra achar que tô feliz.
Ih, qualé?! Comediante também deprime, parem de achar caretice o existencialismo.
Eu desaprendi a escrever e não é de hoje que tô encucada, que tô problematizada, que meu tiro no peito aberto do leitor vem saindo pela culatra.
Comediante também pode estar sem graça?
Sei lá. São meus milhões de parágrafos, a pouca descrição de cheiros e cores, a síndrome do “quanto mais conheço as coisas, mais vejo quão burra sou”, essa maldita mudança repentina de rotina que me deixou sem chão, eu que sou tão geminiana e nem creio tanto assim em signos.
Esse último ano que vivi no mês de junho me deixou toda atrapalhada e parece que não fui só eu que percebi: recebi 3 inbox(es) na minha caixa do Tumblr perguntando por onde eu andava, o que me deixou muito surpresa, já que minha proximidade com o 0 à esquerda é siamesa.
“O que que houve?” vida demais. Eu sou só uma menina ainda tentando administrar. 20 anos recém completos, é fato, mas ainda com síndrome do Peter Pan. Eu não sei ainda lidar com esse tempo profissional cada dia mais cheio, onde eu preciso estar em 5 lugares por dia, sendo a mesma siamesa do 0 de sempre. Tá tudo truncado, mas eu vô ajeitar.
Hoje eu passei por aqui mais pra dar uma satisfação, não pra pedir perdão. Perdão não, tenho horror a pedir perdão sem ter errado. Errado aonde, se nem escrever eu sei mais? Fica combinado assim: enquanto eu tento encontrar um caminho, vou trilhando esse desse jeito. É perfeito? Não é perfeito, mas é a minha versão de hoje: sem revisão, sem cabeçalho, sem bons parágrafos, um monstrengo todo errado. Eu não passei aqui pra pedir perdão.