Tudo o que está escrito aqui já foi lido por alguém antes de você. Ao longo do texto, você saberá o motivo. Imagina se você vivesse em um mundo onde quase tudo o que você disser possa ser descoberto. Imagina só se um conglomerado de grandes empresas estivesse em posse de todos os seus dados e usassem eles como moeda de troca em diversas transações econômicas. Convido você a imaginar um pouco mais. Imagina se governos tornassem a internet um espaço militarizado e que ali estivesse configurada uma batalha até então silenciosa para ver quem tem a maior quantidade de território possível.
Tudo que disse acima não é nada do mundo da imaginação ou mesmo roteiro de uma ficção científica. Essa é a atual situação da rede mundial de computadores. Você pode ser ouvido e interceptado a qualquer hora do dia, sem aviso, permissão ou mesmo uma política de privacidade adequada. Você já parou pra pensar que tudo o que você conversa na internet está armazenado em um arquivo que não pertence a você? Lembra daquela janela de “Li e concordo com os termos de uso” que você sempre clica em concordo pelo simples hábito? Ali você pode também autorizar tudo isso. As maiores empresas de tecnologia do mundo como Google e Facebook, por exemplo, sabem da importância das conversas, afinal, ali estão os seus anseios, desejos e hábitos, dados primordiais na segmentação de publicidade na internet.
E esse é apenas um dos usos que eles podem fazer com o seus dados. Um outro lado da história é a chamada militarização do ciberespaço, falado no início desse texto. Governos e grandes organizações militares, como a NSA (National Security Agency), agência de inteligência do governo americano, negociam e mantém parcerias para a obtenção desses dados juntos às grandes empresas. Isso quando eles não interceptam por conta própria. As denúncias do ex-agente, Eduard Snowden, mostram apenas a ponta do iceberg desse problema mundial. O fundador do Wikileaks, Julian Assange, em seu livro “Cypherpunks – Liberdade e o futuro da internet” fala que a “internet é uma ameaça à civilização” E, por favor, não interprete isso como uma falácia de um pensador desprovido de um conhecimento profundo sobre o que está falando. É certo que os benefícios da grande rede como a instantaneidade, por exemplo, são grandes conquistas que fizeram do ciberespaço um agente transformador da sociedade em que vivemos. Mas é importante analisar o que Julian fala quando toca na palavra “ameaça”. Como falei anteriormente, a internet virou um espaço a ser conquistado, como qualquer outro território. E, acredite, todos os dispositivos que você tem em casa ou mesmo no bolso são soldados que podem ser utilizados a qualquer momento para um fim que você não imagina em hipótese alguma qual seja.
Você deve ter lido tudo isso e pensado: “Agora o que eu faço pra fugir tudo isso?”. Antes que bata um desespero por aí, a solução já esta em atividade. O Tor Project é uma ferramenta de uso livre, gratuita e código aberto que utiliza da criptografia para o acesso à internet. O que isso quer dizer? Isso significa que no meio da tempestade de escutas e interceptações de inúmeros lados da conexão, você pode acessar a internet protegido. Imagine um tubo onde você possa atravessar o mar por baixo d’água sem correr risco nenhum de ser atacado por qualquer criatura, seja ela um tubarão ou qualquer outra, isso é a sua conexão com o Tor. Foi essa ferramenta que o ex-agente da NSA, Eduard Snowden, utilizou para enviar as informações sobre a espionagem americana para o jornais The Guardian e Washington Post.
Tudo o que escrevi aqui é apenas uma convite a reflexão para um problema bem maior e um assunto que merece a atenção de toda a sociedade. Para saber mais pesquise sobre esses termos: Tor, PRISM, Wikleaks, Julian Assange, Eduard Snowden, NSA e, se possível, leia o livro “Cypherpunks – Liberdade e o futuro da internet” do Julian Assange. Reflita!