Seja muito bem-vindo.
Olha, não repara essa bagunça toda não, tá? Ignora por favor as marcas de café no sofá e no hack central, além dos carregadores desgarrados pelo chão: nunca tive muito jeito pra perder meu tempo precioso com esse tipo de arrumação.
Por aqui já passou muita gente. Já teve loiro, moreno, careca, cabeludo, rei, ladrão, polícia, capitão… Teve até um gringo maluco que apagava o cigarro na cortina, mas fica tranquilo:
Às vezes fica deserto e às vezes tem dois morando ao mesmo tempo – dividindo o aluguel que eu nunca cobro. Ah, meus amigos vivem por aqui. Isso independe do inquilino em questão. BROS BEFORE HOES, tenho dito.
Faço faxina entre um morador e outro, mas é impossível tirar todos os rastros que o último deixou. Mea culpa, eu assumo. Mas é aquela coisa, sabe? Não importa o quanto se esfregue as paredes, as pichações do antecessor sempre ficam pra marcar um pouco a pintura do novo (até que esse decida anarquizar também).
Na segunda porta à direita tem um átrio, na esquerda um ventrículo e mais ali na frente aorta. De coração?! Planta o que quiser, aqui tudo dá (e se não der, a gente arruma um jeito): eu sou um caos insignificante que rende boas tramas, boas transas e um nó agudo no meio do peito.
Fica a vontade, não precisa tirar o chinelo, a casa é sua, ‘magina tá tudo certo, vai ser bom, vai ser mágico, fica o quanto der, não repara a bagunça, não repara a bagunça, não repara a bagunça.
Dure só tempo que mereça até a próxima dor: bem-vindo – com esse sorriso lindo – novo amor.