Com que palavra começo,
Qual frase escolho,
Para abrir esse verso,
Que reescrevo de novo.
Se eu fosse poeta,
De palavra certa,
De rima perfeita,
Saberia a receita.
Mas não sei o que faço
Escrevo calado,
Sussurrando baixo,
Pra que ninguém no quarto
Me ache poeta
Uma coisa é certa,
Uma dúvida me aflige:
Poesia se aprende,
Poesia se vive,
Ou se deixa levar?
É preciso uma métrica
Com rimas simétricas,
Ou se deixa levar?
Será que pode ser torto
………..Para um lado
Para o outro………..
Ou
Tem
Que
Ser
Tudo
No
Mesmo
Lugar?
Tem que ter ritmo,
Tem que ter ciclo,
Tem que ter forma,
Ou se deixa levar?
Não tenho resposta,
Não tenho uma fórmula,
Não sei nem ao menos
Onde isso vai dar
Sem rima ou forma
Será que é poesia também?
Onde está a beleza de um poema:
Nas palavras,
Nas rimas,
Na métrica,
Na forma,
No conteúdo,
No ritmo?
Onde está o gosto estético,
No poeta, no poema, ou no leitor?
Eu não sei.
Se eu fosse poeta,
Também não saberia.
Talvez um dia,
Se a poesia se afastar de mim,
Eu possa saber
Dizer pra você
Se é concreto ou parnasiano
Moderno, lírico, romântico
Se é bom ou se é ruim.
Só vou ter certeza
Se escrevo besteira,
Quando a poesia
Se afastar de mim.
Até lá eu sigo capenga
E nesses poemas
Me deixo levar.