Certa vez, pesquisando sobre Rachel de Queiroz, descobri uma crônica dela em que a autora, inaugurando o seu espaço na revista “O cruzeiro”, escreveu uma apresentação ao público leitor do impresso. Apesar de ser suspeito, já que sou fã confesso de Rachel de Queiroz, achei encantadora a maneira como a escritora conduziu a sua “Crônica nº 1” – é esse o título do texto – e como ela, em um espaço curto, apresentou-se aos leitores. Confesso, sempre tive vontade de proceder da mesma forma que a cearense: apresentar-me aos leitores de um veículo para o qual nunca estive como colaborador, quando redigisse a primeira crônica.
E por isso esta crônica é apenas uma apresentação, considerando que habitarei este espaço por um período, completamente incerto, de publicações. Com alegria, então, saúdo àqueles que têm paciência para com os meus textos e me leem há algum tempo e peço aos leitores, para os quais sou um completo desconhecido, o exercício desta nobre virtude: paciência.
Posso dizer, para pormenorizar as apresentações, que tenho vinte anos completos, nasci pertinho do mar natalense, sob o signo de sagitário, mas fui amamentado enquanto curtia o calor do sertão de Jardim de Angicos. Moro em Natal há 14 anos e estudo Letras na UFRN. No mais, lancei uma novela em 2014.
Qual seria, então, a importância de, para o leitor da Carta Potiguar, saber da minha vida alguns detalhes? Em primeiro lugar, acho fundamental os encontros. Nesse sentido, escrever quinzenalmente nesta página configura, ao meu ver, um encontro entre quem lê e quem escreve. Em segundo lugar, parafraseando Rachel de Queiroz, quero que esta coluna inaugurada hoje seja um canal de diálogo entre a gente. A caixa de comentários abaixo é livre para ser utilizada. E deve ser utilizada! Em terceiro lugar, porque pedi, anteriormente, paciência. Daí explico: considere a minha pouca idade e, em muitos casos, o tom confessional do que escrevo. As minhas crônicas, é preciso dizer, originam-se quase sempre do meu cotidiano, por isso o gosto de confissão tão presente nelas. Acho, contudo, interessante manter essa característica do gênero: um flagrante do que chamamos de “diariamente”. O leitor já está, portanto, avisado.
Também é importante pontuar, leitor, escrevo pouco. E o quase-nada produzido por mim é lançado na internet ou em algum suporte do mundo real. Fica, desse modo, a intenção de colaborar quinzenalmente com esta Carta. E frise-se bem: a intenção, não a obrigação. Aqui será um espaço fundamental para o exercício da escrita mais comprometida com a responsabilidade da publicação datada. Será, acima de tudo, um novo desafio para mim que tenho o costume de dizer que só publico quando quero. Não sinta-se, portanto, desrespeitado quando eu não publicar aqui. Desrespeito e falta de consideração maiores seria entregar um texto sem o mínimo de acabamento ou substância. Desculpem, mas ainda encaro o texto escrito como uma poderosa forma de expressão a ser trabalhada para a múltipla expressão de sentidos e para a conquista de objetivos.
Vejo, por fim, que esta crônica de apresentação, quando comparada a de Rachel, ficou medíocre – seria, com certeza, uma pretensão desmedida querer equiparar este texto ao da autora d’O quinze. No mais, espero que a nossa convivência gere deslocamentos, pois acredito ser esta uma das funções da literatura: deslocar sujeitos. Aguardo algum retorno e até o próximo encontro!
Com alegrias de começo,
Guilherme Henrique Cavalcante.
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Imagem: Rachel de Queiroz, por Edu Simões (1997)