Precisa-se de emprego. Qualquer coisa. De auxiliar de almoxarifado até enchedor-de-caçamba-de-gelo.
Precisa-se de emprego! Um que me ocupe das 8 às 18, com duas horas no meio pro almoço, um que pague bem ou pague mal mas que, todo dia 5, pague para mim. Que me conceda o direito de férias remuneras e plano de saúde e uma gravata bem apertada na minha garganta (pode até ser aquelas com fecho de zíper, nunca soube mesmo dar o nó).
Precisa-se de emprego para impressionar meus amigos da noite, para dizer “deixa que eu pago” sem arrependimentos conseguintes, um job descolado para ser citado no “quem sou eu” das minhas redes sociais porque eu não sou só o que eu como, mas o que eu visto, onde bebo, qual minha agência de viagens e, é claro, quem eu como.
Precisa-se urgentemente e emergencialmente de um trampo para passar várias horas atrás de um birô tentando ganhar a vida enquanto a vida passa e, logo-logo, não há mais vida alguma para ganhar.
Precisa-se:
– De emprego, mas não de trabalho.
– De estabilidade, mas não de equilíbrio.
– De ensino, mas nunca educação.
– De sexo, gozar nem pensar.
– De grife, mas que só vista minha falta de sal.
Há vagas pros vagos.