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Aos indiferentes: motivos para ir às ruas dia 20

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Por Daniel Araújo Valença, professor da UFERSA

 

As manifestações “contra a corrupção”, do dia 16 de agosto, desfilaram desde “Porquê não mataram todos em 1964”, “Dilma, pena que não te enforcaram no Doi-Codi, fora Dilma fora PT”, a ilustres lideranças, como o investigado na operação Lavajato Agripino Maia e o réu Aécio Neves.

Não me assusta que o Jornal Hoje tenha noticiado o dia 16 como uma manifestação democrática. Menos ainda que a Tv Tropical a destacara como “apartidária”, ao passo que entrevistava Felipe Maia.

Não me assusta, tampouco, ver o legislativo conservador aprovando, de uma só vez, Estado mínimo na economia e máximo na moral. Redução da idade mínima para o trabalho aos 14 anos, terceirização em atividade fim e homofobia nas escolas – por mais que inominada – são duas faces da mesma moeda, do mesmo movimento.

Todavia, assusta ver alguns cientistas políticos potiguares, outrora progressistas, sob cegueira que desconheço, reproduzindo narrativas dos do dia 16 e em desfavor do ato das classes trabalhadoras deste dia 20.

O ato desta quinta é em horário de trabalho. E o é para demonstrar que quem realmente produz riqueza pode, a qualquer momento, causar prejuízos econômicos aos que patrocinaram o dia 16. Em Natal, cidade de baixa industrialização, poucas categorias cruzarão os braços. O mesmo não se pode dizer de São Paulo ou Recife. O é, também, para que os manifestantes dialoguem com quem está regressando de sua jornada – afinal, não é mero ato idiota (voltado ao seu próprio umbigo) de fim de semana.

A militância do serviço público, da educação, do campo ou da fábrica, assim como a militância petista, lá estará. Afinal, quem acredita ser possível derrotar o avanço conservador sem o principal instrumento político construído pelos trabalhadores e trabalhadoras deste país? Com ela estarão MTST, MST, CUT, CTB e dezenas de organizações populares que deliberaram nacionalmente por este ato.

E por um motivo muito simples: por entenderem que esse avanço conservador tem de ser barrado. Que ele só pode ser barrado por quem se dispõe a participar da luta política. E ela só pode ser vencida se as organizações populares conseguirem não apenas a mudança na política econômica do governo, mas também reformas estruturais pelas quais foram às ruas em outubro de 2014.

Será suficiente para superar o fascismo que ronda as imensas avenidas deste Brasil? Não o sei. Derrubará a Agenda Brasil, de Renan, Globo e entidades representativas patronais, vista com simpatia pelo governo para estancar o golpe em curso? Tampouco.

Mas, dia 20 estarei nas ruas ao lado de outros Daniéis e Marias das mais diversas gerações que nunca desistiram de lutar por um país soberano, justo e solidário. Defenderemos a democracia, a mudança imediata na política econômica e reformas democrático-populares, apesar dos que optaram pela barbárie ou pela indiferença.