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Natal e suas arbitrariedades

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Passei 12 dias fora da cidade, sem olhar pra cara do facebook e de qualquer notícia daqui de Natal. Quando voltei, vi arbitrariedades como o aumento da passagem de ônibus e a expulsão dos vendedores ambulantes dentro da UFRN.

Em relação ao primeiro, não há novidade alguma: os empresários sugerem um aumento absurdo, a maioria dos vereadores (eleitos com dinheiro privado 197-570x372de empresários, vale salientar) fingem que não viram o aumento, o prefeito autoriza sem nenhum questionamento, uma pequena (quase irrisória) parte da população protesta, ela toma um pau da polícia e o restante da população (que também utiliza o transporte) recrimina quem protesta. Sinceramente, esse quadro demorará décadas para mudar (sim, eu tenho esperança que mudará), só que para isso acontecer, precisaria mudar o modus operandi dos protestos. No entanto, neste caso, não acho que eu tenha o “direito” (não é bem essa palavra) de criticar as pessoas que fazem esse tipo de manifestação, já que, além de eu não construir, não faço a mínima ideia de uma alternativa que atraia o restante da população. Desta forma, prefiro me calar para não cometer nenhuma “injustiça” contra os que estão lá construindo – e desde sempre tem meu total apoio.

Já a expulsão dos vendedores ambulantes da UFRN… Pessoas, isso é um absurdo. Há um monopólio dentro de um espaço público; dentro de uma CONCESSÃO PÚBLICA. E isso não é nem o pior. O pior é o mau caráter ao extremo dos donos das lanchonetes. Alguém já viu o edital de licitação? Pois é, eu já vi. O edital diz que os donos têm de mostrar a planilha de custos e de vendas e, a partir daí, a UFRN dizer qual é a porcentagem de lucro deles. Por exemplo, se a unidade de uma coxinha de frango custa 30 centavos, então o dono terá de vender por, no máximo, 1 real.

“Na teoria, a prática é outra”

maxresdefaultEntão, os donos fazem isso na licitação, mas, quando vão para as cantinas, a história é outra: o custo da coxinha despenca para 10 centavos (o valor real) e eles vendem a 2 reais. Sabemos que na UFRN há uma maioria de estudantes de renda média/alta e alta (não, não vou entrar na questão da educação) e eles/elas podem pagar 2 reais numa coxinha (congelada, ressecada porque é esquentada no micro-ondas e com a procedência duvidosa do frango). Os donos sabem disso e continuam a manter esse abuso. O que eles não sabem (ou fingem não saber?) é que tem uma parcela considerável de alunos/alunas que não podem pagar 2 reais numa coxinha (congelada, ressecada porque é esquentada no micro-ondas e com a procedência duvidosa do frango – sim, repeti de novo para enfatizar) por dia. E o que acontece? Vendedores ambulantes aparecem para suprir essa demanda.

wpid-wp-1432099064663A UFRN, ao invés de fiscalizar os preços abusivos e ficar ao lado dos/das estudantes, toma uma medida ditatorial (para não dizer fascista) em prol dos empresários. Por sua vez, a representação maior dos estudantes, o DCE, está totalmente alinhada e aliada à reitoria (há quase dez anos para quem não sabe), se preocupando apenas em “brincar de revolucionário” com dinheiro público na falida (des?)UNE – mas, não vou me estender nesse assunto.

O que me deixa mais revoltado nisso tudo é ânsia de lucros excessivos e rápidos do empresariado daqui de Natal. É quase que uma doença. Montam uma empresa e, em curto prazo, querem estar ricos, desfilando de pick-up “tunada”. A realidade não é essa. Empresas fecham por má administração (gerência, plano de negócios, propaganda, ATENDIMENTO, qualidade dos produtos etc.), mas colocam a culpa na alta carga tributária. Não que ela não tenha culpa, porque, para comida, é bem alta, mas não é a principal. Já que a alimentação tem uma carga tributária alta, o jeito é vender rápido para que a comida não estrague e o investimento vá junto com a comida para o lixo.Bem, já vi dono de restaurante dizer que prefere jogar comida fora do que diminuir o preço. Vocês têm noção disso?

Enfim, espero muito os/as estudantes da UFRN se mobilizem e cobrem do DCE e da Reitoria uma explicação plausível para a expulsão dos ambulantes e dos preços abusivos das cantinas.