Existem diversas maneiras para buscar uma possível explicação para o título estadual conquistado pelo América no sábado passado, em pleno estádio Maria Lamas Farache, dentro da casa do maior rival. Eu tenho a minha.
“O técnico mais sábio é o que muda pouco e sabe o momento de mudar”. O conceito entre aspas foi recortado do Dicionário Tostão de Futebol, criado pelo jornalista Gílson Yoshioka para o livro “Trocando os pés pelas mãos”. É na verdade uma reflexão expressada pelo ex-jogador da Seleção de 70.
O cronista – o qual sou leitor assíduo – não concorda com as estratégias de técnicos inventores – como ele os intitulam – que trocam jogadores e o esquema tático a cada partida, de acordo com o time adversário. Para Tostão, não funciona. Para mim, também não.
Ao meu ver Josué Teixeira, influenciado pelas estratégias obscuras do treinador americano, que optou por esconder o jogo durante toda semana, vestiu sua bata branca de técnico inventor ao mudar a formação da sua equipe que conquistou o segundo turno do campeonato dando uma rasteira em todos que se puseram em sua frente. Assinou o atestado de uma derrota dolorida para seus torcedores.
Josué errou – e aqui não quero apagar os méritos do título invicto e irreparável do segundo turno – ao escalar o volante Rafael Miranda. Errou ao dissipar do seu conjunto a sua principal característica, que era de ser um time ofensivo, que jogava pra frente sem se preocupar com o desenho tático ou com o que o adversário iria apresentar.
Josué caiu na pilha de Roberto Fernandes e acabou levando um verdadeiro baile coletivo, como fez a França no Brasil nas Copas do Mundo de 1998 e 2006. Os jogadores do ABC ficaram apáticos, paralisados, sem saber o que fazer para reverter o resultado em favor do América.
Josué Teixeira há de concordar que Roberto Fernandes, apesar de prepotente, foi o campeão e o mais sábio.
Josué tem que assumir que, inegavelmente, a final do campeonato não foi o momento certo para mudar.