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Coletivo de professores da UFRN solidariza-se com os estudantes que estão sendo intimados para interrogatório

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NÃO À INTIMIDAÇÃO POLÍTICA NA UFRN!

Na UFRN, por atuação de sua Reitoria, não causam mais surpresa os atos autoritários, antidemocráticos e de intimidação política contra professores e estudantes que se manifestam criticamente ou em lutas coletivas. Não nos causam surpresa, mas não deixam de provocar nossa indignação!

Novamente, estudantes da UFRN estão sendo intimados a depor em comissão criada pela Reitora para “apurar” fatos relacionados à última ocupação do prédio da Reitoria, sob alegativas de que houve “depredação do patrimônio”. Não obstante ter havido pichações de paredes e painéis de informação, que não contam necessariamente com nosso apoio,  tornar-se-ia condizente com a ação de dirigentes de uma instituição de educação e formação científica estabelecer diálogos críticos com os estudantes e apelos para que evitem agressões ao patrimônio da universidade, ao invés da ação policialesca de que se armou (e tem sido armada sempre) pela atual gestão nas situações de conflito na UFRN. Toda a comunidade lembra o episódio da internação forçada de um estudante em hospital psiquiátrico da cidade, por gestões de seus dirigentes, assim como lembra as violentas agressões (com tiros e espancamentos) contra estudantes, praticados por seguranças armados, como parte de uma política que, embora questionada e denunciada pelos estudantes, mantém-se igual.

Agora, sem que se conheça o amparo legal para tal, agentes estão indo às casas e salas de aula para intimar estudantes a comparecerem diante de comissão (formada por três professores) que colhe depoimentos de “suspeitos” de participação na última ocupação, e que, por relato dos estudantes, intimida-os com ameaças e exigências para que identifiquem colegas que estão em fotos arquivadas pela comissão. Um ato de polícia jamais imaginável nos dias atuais dentro de uma universidade, que somente nos faz lembrar os anos da Ditadura Militar no país. Causa horror imaginar que os apelos de certos setores reacionários, pela volta de um regime militar para o governo da sociedade brasileira, encontrem eco nas ações de dirigentes universitários, ao atuarem para a intimidação de jovens estudantes, ávidos de participação na vida da instituição.

O filósofo Edgar Morin denunciou certa vez que “a universidade, ao invés de constituir-se como um templo do saber, tornou-se um antro de ódios”. Ele talvez não tenha pensado que esse ódio iria também tomar a forma do ódio ao agir, que é também ódio ao pensar, fomentado e conduzido por dirigentes (e lembrar que todos eles são também professores) que têm se dedicado a barrar a reflexão, o debate e a crítica, que deveriam fazer parte da vida universitária como fazem parte as aulas e as pesquisas.

Na UFRN, nos últimos anos, por ação de seus dirigentes e, em parte, por cumplicidade de muitos da comunidade acadêmica, vem se configurando um ambiente de autoritarismo, truculência, assédio moral e cerceamento à participação que, embora tente se invisibilizar na desfaçatez de falsa democratização das participações e consultas, sustenta-se em velhos esquemas e grupos de poder que atuam na instituição, que, talvez acreditando serem os únicos (como agentes e esquemas) que podem dirigi-la, tudo fazem para impedir a verdadeira participação democrática e o debate transparente das questões de interesse de todos.

Manifestamos aqui nosso total repúdio à intimidação e perseguição aos estudantes e nossa reivindicação pela imediata dissolução da Comissão Administrativa de Inquérito e fim das intimações a estudantes!

COLETIVO UNIVERSIDADE DEMOCRÁTICA