No VioMundo
do Facebook da senadora
A senadora Fátima Bezerra (PT) fez, nesta terça-feira (3/03), no plenário do Senado, um discurso reflexivo sobre o papel da mídia e do Congresso nacional na democracia brasileira.
Segundo a Fátima, o Brasil está passando pelo ápice de um processo de desvirtuamento da política promovido pela mídia hegemônica deste país desde o primeiro mandato do ex-presidente Lula.
“A mídia oposicionista e os políticos que a representam, uma vez que são por ela orientados, estão mais interessados em seguir pura e simplesmente a lógica e o interesse do mercado do que em defender o interesse nacional, que é o interesse do povo brasileiro. A mídia se porta como o maior e verdadeiro partido de oposição do Brasil. Ela quer ser protagonista do país, quer pautar a política e decidir os rumos da nação. Mais do que isso: quer ser orientadora da política e o que há de pior nisso é o fato de que alguns políticos simplesmente conduzem o que ela quer”, disse.
Fátima também fez uma defesa do papel da imprensa nacional.
“A imprensa livre é fundamental à democracia, a quem tem o dever de prestar o maior dos serviços que é bem informar, sem manipular a verdade. Da imprensa não esperamos que seja neutra, imparcial; basta que não imponha sua versão partidarizada com verdades pretensamente absolutas e pensamento único”, declarou.
Corrupção
Para Fátima, o que vemos hoje não é a defesa da ética na política e o sincero desejo de combate à corrupção, mas um discurso em que utiliza-se da moral para destruir o adversário, tratado como inimigo a ser eliminado da cena política.
“O que sido feito é um discurso falso, porque não passa de uma indignação seletiva, onde escândalos com o mensalão mineiro que se arrasta na justiça desde 1998 e até mais recentemente a “operação sinal Fechado”, denúncias que envolvem figuras políticas do Rio Grande do Norte, são simplesmente tratados como fatos menores e até mesmo aceitáveis aos olhos desses falsos moralistas”, pronunciou.
“Não compactuamos com a corrupção. Devemos sim combatê-la, pois a corrupção na política não se reduz ao desvio do dinheiro público. A corrupção, como apropriação privada do dinheiro público, corrompe a própria ideia de política. Resgatar a dignidade da política passa necessariamente pelo combate à corrupção. Mas não podemos ser ingênuos em achar que todo o problema da política se resolve com o combate à corrupção econômica”, completou.
Fátima defendeu ainda o papel da democracia brasileira. “Nós, representantes do povo, não temos o direito de nos omitir neste momento. Nosso papel, como representantes, não é simplesmente o de defender os mandatos que exercemos, de defender nossos partidos, de defender um governo de uma presidenta eleita através de um processo eleitoral transparente e legítimo. Nem se trata de defender apenas a Petrobras, mas de defender, acima de tudo a democracia. Defender a democracia é defender a soberania popular. E defender a soberania popular é defender a própria política contra seu desvirtuamento”, finalizou.
Leia abaixo trechos do discurso da senadora (de escolha do Viomundo):…O que estamos vendo atualmente é o ápice de um processo de desvirtuamento da política promovido pela mídia hegemônica deste país desde o primeiro mandato do ex-presidente Lula. Uma mídia que se porta como o maior e verdadeiro partido de oposição do Brasil. Uma mídia que quer ser protagonista do país, que quer pautar a política e decidir os rumos da nação. Mais do que isso: quer ser orientadora da política e o que há de pior nisso é o fato de que alguns políticos simplesmente conduzem o que ela quer.
Tomemos um exemplo concreto. Na semana passada o editorial do jornal O Globo desqualificou o manifesto em defesa da Petrobras, assinado por figuras da maior importância nas áreas da intelectualidade, artística, política, sindical, jurídica, enfim, um manifesto legítimo em defesa da maior empresa deste país e sobretudo da democracia.
Desqualificou igualmente o ato que iria acontecer no mesmo dia na sede da Associação Brasileira de Imprensa, no Rio de Janeiro. O escopo do editorial, na verdade, não passava de uma defesa da mudança do regime de partilha do Pré-sal para o regime de concessão para empresas estrangeiras.
Então, senhores senadores e senhoras senadoras, temos de um lado, brasileiros e brasileiras defendendo nosso maior patrimônio, que é a Petrobras, e de outro, um jornal do maior grupo de mídia do Brasil defendendo a entrega de nosso passaporte para o futuro, para empresas estrangeiras.
Não nos enganemos. O referido editorial do jornal da família Marinho deixa muito claro, para os mais atentos, que o interesse maior está longe de ser o efetivo combate à corrupção, de punir os corruptos e os corruptores, mas sim destruir a imagem da Petrobras, desmonta-la a fim de mudar o regime de partilha que vai garantir educação de qualidade, salários mais dignos aos professores e perspectiva de futuro às crianças e aos jovens deste país. A mídia oposicionista e os políticos que a representam, uma vez que são por ela orientados, estão mais interessados em seguir pura e simplesmente a lógica e o interesse do mercado do que em defender o interesse nacional, que é o interesse do povo brasileiro. Pior do que isso: defender interesses estrangeiros em detrimento do povo brasileiro.
[…]
O que vemos hoje não é a defesa da ética na política e o sincero desejo de combate à corrupção, mas um discurso em que utiliza-se da moral para destruir o adversário, tratado como inimigo a ser eliminado da cena política. Um discurso falso, porque não passa de uma indignação seletiva, onde escândalos com o mensalão mineiro que se arrasta na justiça desde 1998 e até mais recentemente a “operação sinal Fechado”, denúncias que envolvem figuras políticas do meu Estado, são simplesmente tratados como fatos menores e até mesmo aceitáveis aos olhos desses falsos moralistas. Assim agem alguns colunistas e órgãos da mídia oposicionista e seus aliados políticos.
Quem não se lembra da capa de certa revista que tem obsessão em destruir o PT, na qual figurava o ex-senador Demóstenes Torres como um dos “mosqueteiros da ética”?
Certos colunistas não têm sequer a honestidade intelectual de admitir que a corrupção, por se dar nos subterrâneos da política, só aparece quando investigada.
Ao contrário de governos em que se engavetava os processos de corrupção, fazendo com que o povo acreditasse que desvios do dinheiro público não existiam, e se existiam não eram significativos, nunca a corrupção esteve tão em evidência como a partir dos governos Lula e Dilma, exatamente porque nunca se investigou tanto neste país. Porém, o que a mídia oposicionista trata do tema da corrupção como se esta tivesse sido inaugurada no país a partir dos governos do PT.
A imprensa livre é fundamental à democracia, a quem tem o dever de prestar o maior dos serviços que é bem informar, sem manipular a verdade. Da imprensa não esperamos que seja neutra, imparcial; basta que não imponha sua versão partidarizada com verdades pretensamente absolutas e pensamento único. É neste sentido que falei no início do meu discurso que o que estamos vendo atualmente é o ápice de um processo de desvirtuamento da política.
Desvirtuar a política é desmerecê-la, trata-la como atividade sob eterna suspeita. Isso não significa que a política não deva estar sob o julgamento e escrutínio dos cidadãos e que a classe política não tenha que prestar conta dos seus atos. Isso é respeitar a cidadania, que nos investiu do poder de representa-la. Quando somos eleitos pelo voto para representar o poder do povo não recebemos um cheque em branco, mas a autorização para agir em seu nome.
O que quero dizer quando afirmo que a chamada grande mídia no Brasil de hoje trata da política como atividade sob suspeita é no sentido de que essa mídia, ao invés de denunciar o que ocorre de errado, ou mesmo de ilícito, desempenhando seu papel de informar e formar uma opinião pública qualificada, simplesmente deforma mentes e corações, promovendo o ódio e uma profunda divisão numa sociedade que já é hierarquizada e carece de laços sociais, necessários para o apoio a políticas de estado e de governo voltadas para a redução da desigualdade e promoção de oportunidades para todos os brasileiros, principalmente os mais pobres.
O que desejam os que hoje fazem o discurso contra a corrupção praticada por funcionários da Petrobras? Usar esse fato evidente e que está sendo devidamente investigado, como pretexto para defender a mudança do sistema de partilha para o sistema de concessões, bem como desgastar a imagem da presidenta Dilma a ponto de tentar criar condições sociais para um pedido de impeachment. Ora, senhores, sabemos que o impeachment é um julgamento político, não jurídico. Todavia, há que ter base jurídica para tanto. E esta, como sabemos, não existe.