Fiquei solteiro e agora? Como vou paquerar? Será que já curei a fossa? Quando vou saber a hora certa? Será que vou encontrar o “amor da vida”? A próxima mulher será para casar? Essas perguntas sempre apareciam no final dos meus relacionamentos – basicamente dos meus 20 aos 30 anos tive três longos relacionamentos; aos 30 , passei por dois curtos e frustantes relacionamentos (ainda que ambas foram/são excelentes mulheres, bem como as três ex) até que, finalmente, resolvi assumir minha solteirice. Naquela época fiquei sem entender aquele velho ditado “pegar e não se apegar”, algo que para mim seria impossível.
Tentei ir no “modo clássico”: paqueras em bares e amigas de amigas . Não deu muito certo (mentira, não deu certo). Até que um amigo sugeriu que eu usasse o Tinder. No início achei fútil, mas depois pensei: “Se é fútil e superficial, significa que tem pessoas fúteis e superficiais… que nem eu?”. A partir daí resolvi vestir a “fantasia” da futilidade e a superficialidade e acabei viciando no aplicativo. Perdi horas do meu (pouco) tempo livre me divertindo fazendo combinações de idade e distância. Adorava ler os perfis e ver como as mulheres pensavam. Devo ter dado match com umas 30 mulheres, das quais ainda converso com a maioria; e, para espanto geral, só fiquei com duas (juro!).
Sim, e aonde quero chegar com esse relato? Bem, o Tinder é visto como uma forma de fugir do padrão e o fato de muitas mulheres usarem independentemente de classe social e faixa etária (apareceu uma de 68 anos), mostra que elas estão se libertando dessa “amarra social”. Se por um lado elas estão se libertando, por outro isso ainda incomoda os homens. Ao conversar com vários amigos que usam o aplicativo, uma reclamação foi unânime: “ah tem mulher que dá match, mas não responde quando a gente fala”. Ora, só porque uma mulher usa o aplicativo “fútil e superficial” não significa dizer que ela é fútil e superficial. Observem que as mulheres quebram uma barreira (ao usarem o aplicativo), mas, se elas têm o mesmo comportamento na vida real, ou seja, de “comportadas” (do ponto de vida da nossa sociedade machista), outra barreira é criada. Se elas seguem o “padrão” (de falar com qualquer um) são vistas como “fáceis”.
Em outras palavras, a reclamação é mais uma “justificativa” para defender o ego masculino – o Macho Alpha que nunca pode ser rejeitado. Homens, aprendam uma coisa: mulher nenhuma é obrigada a fazer o que ela não quer. Da mesma forma que nós também não somos obrigados. E isso não o direito de sair julgando. Então, parem de agir assim, porque não há nada melhor que a espontaneidade, a naturalidade. E sim, há vida inteligente em qualquer lugar quando você (de qualquer orientação) está disposto a ser também uma vida inteligente.
Para terminar, usem o Tinder, o Badoo, Spotted UFRN (quem não conhece está perdendo a chance de rir muito), a paquera no bar, a troca de olhares na praia, o famoso “quem é sua amiga?”, enfim, qualquer artifício é válido. No entanto, tenham em mente que a rejeição faz parte daqueles que tentam. Ah sim, parem com essa paranoia de “friendzone” ou outras idiotices de “amigo de mulher é cabeleireiro”. Quando você consegue respeitar a amizade de uma mulher, consegue respeitar a individualidade da sua namorada/companheira/noiva/esposa. E isso será refletido na educação que vocês darão para suas filhas para que, assim, elas não sejam fúteis e superficiais… a não ser que elas queiram ser.