Por Ivenio Hermes[1]
Publicado originalmente no Portal BO via http://bit.ly/13wQQkr
A violência não permite tréguas nem nos dias que antecedem as festividades natalinas, e enquanto alguns comemoram, outros lamentam. Certamente que nossos motivos individuais de comemoração não incluem a segurança, e os números dão mostras de que políticas de governo precisam ser mais trabalhadas para que uma expectativa de sucesso seja observada.
Somente no final de semana, a violência no Rio Grande do Norte ceifou 14 vidas, mas contando entre sexta-feira (19) e segunda-feira (22) aconteceram pelo menos 18 assassinatos no RN, totalizando pelo menos 1.719 crimes violentos letais intencionais em 2014.
Os crimes ocorreram em Natal com 08 assassinatos, Parnamirim 02, Macaíba 01, Poço Branco 02, Carnaubais 01, Caicó 01, São Paulo do Potengi 01, Umarizal 01 e Mossoró 01
Nessa violência sem freio, destacamos a que atingiu duas mulheres no oeste do estado, ambas brutalmente feridas.
A primeira delas, uma moradora de Patu com 30 anos de idade, saiu de casa às 18 horas e foi encontrada por volta das 22, jogada num terreno baldio às margens de uma estrada carroçável, sem as roupas, com marcas de perfurações de projéteis de arma de fogo na cabeça e na mão e aparentes indícios de violência sexual.[2]
A vítima se encontra hospitalizada em graves condições, e sua sobrevivência pode significar a solução desse crime hediondo, portanto, é esperado que as autoridades criem forte esquema de proteção no hospital para assegurar que a vítima não sofra uma possível investida de seus algozes.
A outra vítima, da cidade de Carnaubais, não sobreviveu e morreu no local onde seu corpo foi encontrado.
Já são pelo menos 117 mulheres assassinadas no RN em 2014, e nesses números estão incluídas duas outras como as que foram encontradas estranguladas em Macaíba, e que as estatísticas oficiais ainda não incluíram até hoje.
Além da população não possuir a seu lado o aparato policial necessário para dar conta da demanda dessa violência, ela ainda tem que lidar com a subnotificação criminal: já são mais de 100 casos que não estão incluídos nas estatísticas oficiais e que outras fontes resgatam do total esquecimento.
“Os homicídios foram registrados da sexta feira dia 19 para o domingo dia 21 de dezembro, por arma de fogo, arma branca e tora de pau“. Alcivan Villar (Fim da Linha)[3]
A violência contra as mulheres dão notas de a diminuição dos estupros e outros crimes é mera subnotificação, pois crimes muito mais violentos tem sido reportados e a confiança das vítimas nas autoridades não tem aumentado.
No RN foram pelo menos 271 mulheres assassinadas e sem ações específicas nessa forma de violência, por certo não haverá trégua por parte dos criminosos.
A marca dos 1.666 crimes violentos letais intencionais de 2013 foi superada no dia 9 de dezembro, e hoje o estado potiguar atinge a marca de pelo menos 1.719 assassinatos no ano da graça de 2014 de nosso senhor Jesus Cisto, ou seja, numa taxa de 10% de crescimento.
Precisamos de coordenadas precisas para frear a violência, e no campo das minorias vitimizadas como menores, mulheres, população lgbt… essas coordenadas precisam de todo esforço da sociedade a fim de determos esses crimes hediondos.
[1] Ivenio Hermes é um humanista, pós graduado em Gestão e Políticas Públicas de Segurança, Gestão de Operações Especiais, possui 10 livros publicados, ganhador do prêmio literário Tancredo Neves, pesquisador da Violência Homicida para o Conselho Estadual de Direitos Humanos e da Cidadania, colaborador e associado pleno do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, consultor de segurança pública da OAB/RN Mossoró, e publica artigos com ênfase na área de criminologia, direitos humanos, direito e ensino policial.
[2] Informações do jornalista Vilsemar Alves, cuja matéria completa será exibida no Patrulha da Cidade TV Ponta Negra ou pode ser lida em http://www.ocamera.com.br/site/post/7306
[3] Alcivan Villar é o editor responsável pelo site: http://www.fimdalinha.com.br
