Quem faz movimento social sabe do sectarismo e da visão religiosa de predestinação que envolve as falas do PSTU. Pois bem, em 2012, o PSTU tomou uma tática simpática e que rendeu bons frutos. Uma aliança com o PSoL e uma candidatura não alinhada ao discurso rancoroso do antigo PSTU, além do escamoteamento do tradicional slogan de péssimo marketing “Contra Burguês Vote 16”, amaciou e tornou tragável votar na vereadora “plim-plim” Amanda Gurgel.
Os resultados são incontestes, PSTU e PSOL chegaram a Câmara Municipal de Natal. E isto não é pouco. Salvo engano, o Brasil tem por volta de 70 mil vereadores, e o PSTU só tem 2 em todo o território nacional, um em Natal e o outro Belém. E só. Antes não tinha nenhum. E nas duas cidades estabeleceu alianças. Já o PSOL, também cresceu 100%, o que não possibilitou uma bancada expressiva e com capacidade de intervenção: saiu de 25 para 49.
O que quer dizer estes dados? Ou dialogam, ou não conseguem aprovar nada. Se não fazem alianças, ficam de fora das decisões sobre os rumos das políticas públicas que os cidadãos desejam e votaram neles para que eles tentassem garantir ou implementar. As alianças valem para eleições ou para a melhor execução do mandato parlamentar. Em uma sociedade muito diversa e complexa, seus representantes serão reflexo desta situação.
Não sendo bastante, seu tamanho diminuto, o PSTU por vaidade, embriagado pela votação de Amanda em 2012, ou ainda vestido com o manto religioso da predestinação, se nega realizar aliança em 2014 com o PSOL no RN. Esta tendência do PSTU, se for confirmada, é um desfavor à esquerda, aos movimentos sociais organizados, e principalmente, ao PSoL e ao próprio PSTU. A política isolacionista não fez o PSTU crescer, pelo contrário.
O resultado será desastroso para a ultra-esquerda, que eleitoralmente começava a ganhar espaço. Com tempo de TV reduzido, e a figura de Amanda cada vez mais distante ou despida pela atuação parlamentar, o PSTU não conseguirá a mesma performance.
A consequência pode ser prevista: uma votação que inviabilizará o crescimento eleitoral da ultraesquerda, diminuindo a possibilidade de representação de um segmento da população que não se vê mais nos partidos e políticos tradicionais, ou que não consegue enxergar nos candidatos do PT e PCdoB a alternativa mais à esquerda que esperam.
A falta de senso da realidade do PSTU, hoje, poderá gerar consequências eleitorais em 2016, quando Amanda Gurgel, Sandro Pimentel e Marcos Antônio deverão buscar renovar seus mandatos. Já neste ano, uma aliança PSoL e PSTU que buscasse projetar Amanda Gurgel e um nome PSoL, é essencial para a sobrevivência eleitoral de ambos. O resto é principiologismo que não levou nem o PSTU nem o PSoL a lugar nenhum. Muito menos a agenda que eles defendem.