Mossoró urge de alternativas viáveis para seu futuro. Nestas eleições suplementares que se avizinham, o velho se apresenta sem nem mesmo ter medo de se colocar como o já dito, o estabelecido e imutável. As várias coligações e chapas representam a mesmice administrativa e a continuidade do modelo que engessa a cidade.
Este modelo, que trouxe, indubitavelmente, um certo crescimento econômico, não soube realizar concomitantemente um gradiente de desenvolvimento social. O resultado é vivido pelos Mossoroenses na ausência de transporte público, na insegurança, na precariedade nos serviços em geral.
Como já havia apontado em outro artigo, as elites locais representam aquilo que denomino de elites urbanas do sertão. Fruto de um certo nível de modernização e industrialização econômica, é possível ver congêneres em Campina Grande (PB), Crato (CE) ou Caruarú (PE). Mossoró tem a singularidade de ter uma disputa aparente: Rosados contra Rosados. Aparente porque, com toda a certeza, diante de um inimigo comum, a união será visível como o Sol que abrasa a Terra da Resistência. Os Rosados, no poder há pelo menos 80 anos, representam o conservadorismo modernizador, com toques de clientelismo e outras práticas tradicionais de ação política. Não é a toa que as campanhas locais tenham se permeado pelos mais variados vícios eleitoreiros, dos quais a justiça eleitoral tem farto material comprobatório e casuístico.
Perpetuando-se no poder através de uma vasta rede de clientela, que abrangem desde quadros competentes e universitários, até os mais baixos estratos sociais, essa elite construiu um poder e campo próprio, fortalecido por uma demanda empregatícia de cargos e benesses públicas. Nada de novo para o Brasil e mesmo para nosso Nordeste. A questão é que, esse modelo de política, não atende mais aos problemas e questões postas nesse momento histórico vivido.
Numa ampliação dos espaços de cidadania (e a internet representa um deles) e do próprio acesso à informação e à educação, uma gama maior de cidadãos politizados entram na esfera pública. Não é possível mais “clientelizar” (me permitam a degola linguística) esses novos estratos. A rebeldia e a possibilidade de mudança começam a surgir no horizonte deste sertão. Embora parcelas depauperadas de uma classe “sub-proletária” ainda permaneçam sensíveis aos apelos clientelistas, outra parcela começa a dizer não. Em termos de sociologia política, a esperança reside neste grupo e em sua capacidade de criar novas polaridades.
Nestas eleições, a velha elite se divide não mais em uma “bipolaridade”, mas num eixo de três pontas e candidaturas: Larissa Rosado (PSB), Cláudia Regina (DEM) e Francisco José Júnior (PSD). A primeira apoiada pelo grupo da Deputada Sandra Rosado; a segunda pelo grupo da Governadora Rosalba Ciarlini e seu marido Carlos Augusto Rosado; e o terceiro pelo grupo da ex-prefeita Fafá Rosado. Perceba então, caro (a) leitor (a) que não saímos do mesmo grupo.
Fora desse escopo, apresentam-se três alternativas: uma do PSDC, Josué Moreira, fora do grupo Rosado, mas dentro do espectro à direita do campo político; outras duas à esquerda: Cinquentinha do PSOL e a candidatura de Gutemberg Dias do PCdoB. Este último, sem ligações com a elite local, com base sindical e popular, com diálogo com todos os setores da sociedade, com propostas populares (ou seja, enfatizando a participação popular nas decisões da cidade etc.).
Com tudo isso, visualizo um único caminho a trilhar: ou seguimos no mesmo, numa perspectiva de continuidade do proselitismo e clientelismo conversador, com uma pauta de modernização com desigualdade, ou ousamos sonhar em uma via de desenvolvimento sustentável, com combate à desigualdade e participação popular.
Por isso, acredito que, nestas duas grandes trilhas, a da esquerda é a mais viável no que tange à mudança. Difícil? Claro! Impossível? Nunca! Afinal, “não há nada como o sonho para criar o futuro. Utopia hoje, carne e osso amanhã” (Victor Hugo). Avante!