É fato que a extrema esquerda, liderada pelo PSTU-PSOL, cresceu no RN – fez três vereadores na última eleição municipal na cidade do Natal. Puxada por um vídeo veiculado na net em que a então professora Amanda Gurgel critica o descaso para com a educação no RN, a votação de Amanda, não é bom esquecer, também foi impulsionada por um discurso durante o pleito de 2012 em que o sectarismo que seu partido expressa foi estrategicamente escondido. Os tradicionais ataques aos empresários e o “contra burguês vote 16” cederam espaço a uma pauta mais amena. Hoje, este grupo mais radical se encontra diante de um novo desafio: mostrar que este crescimento, do ponto de vista eleitoral, é sustentado e que a representação adquirida trouxe ganhos objetivos para a população.
Apesar de ações simbólicas, dedos em riste e até a ausência da simples educação civilizada para com os colegas da casa, até o presente momento nenhum projeto significativo foi aprovado na Câmara, nem muito menos o grupo liderado por Amanda Gurgel (PSTU) construiu um discurso alternativo ao do atual governo. Ao contrário. O modus operandi do PSTU-PSOL foi fundamental, com a escassez do debate e a auto investidura de que eram os únicos portadores da razão, para esvaziar os movimentos sociais organizados em torno de uma agenda inclusiva para a cidade.
A ocupação da Câmara Municipal do Natal foi à expressão máxima da consagração de uma tática, que só gerou o isolacionismo e favoreceu para a criminalização de lutas históricas, como a do Passe Livre. Ao invés da unificação de todas as forças preocupadas em produzir um transporte público de qualidade, algo iniciado com o movimento #ForaMicarla, o grupo PSOL-PSTU – aliado a um pequeno grupo falsamente vanguardista – se achou no direito de ter a exclusividade da crítica, afastando pessoas simpáticas a uma agenda progressista para a cidade. A irresponsabilidade, o apartamento como política, queimou toda uma perspectiva de construção dialógica e abrangente. Ao término, prosperou a visão para os natalenses de que os defensores de um transporte público de qualidade se assemelhavam aos ocupantes da Câmara, que, sem atuação democrática e de modo autoritário, quebraram os corrimões e picharam, inclusive, o busto de Djalma Maranhão, prefeito de Natal perseguido pela ditadura por seu governo em defesa dos oprimidos.
O discurso esquerdista, pouco propositivo, não contribuiu para a construção de uma alternativa de oposição ao prefeito Carlos Eduardo. Só o fortalece dadas as posições. Além da defesa da ocupação da câmara sem um propósito e estratégia claros, o PSTU-PSOL gritou contra as obras de mobilidade, o legado esperado pela sociedade para Natal por sediar a copa do mundo de futebol. A defesa da ausência de diálogo como forma de fazer política, ou seja, pela simples via da força, colocou os trabalhadores do transporte alternativo contra a prefeitura e outros agentes, que poderiam agir como entes catalizadores de consensos em prol da real implementação da bilhetagem eletrônica unificada. O acirramento dos ânimos não criou pontes, mas muros.
A bancada do PSTU-PSOL não conseguiu, junto aos demais vereadores eleitos como eles, articular a aprovação de uma única ação sequer. Me refiro a atividades de relevância. Não aquelas que trazem impacto zero para a população. Pelo modo como se colocam, os demais parlamentares resistem a votar em qualquer projeto com eles. É muito barulho por nada, ou pior, para desunir e para caricaturar um projeto de esquerda, que poderia ser fundamentado e empolgante para Natal. Se há um saldo: até agora não é nada bom.